15/03/08

Horrors Of Malformed Men / Edogawa Rampo Taizen: Kyofu Kikei Ningen (1969)

Um homem com certas perturbações mentais, que não se lembra de quem é ou do seu passado, está internado num hospício. Este é atormentado por uma canção de embalar que não lhe sai da cabeça. Uma certa noite, um estranho tenta assassina-lo, sem qualquer motivo aparente, mas ele reverte a situação e consegue fugir. Ao fugir, ouve a cantiga ser trauteada por uma mulher pertencente ao um circo ambulante. Esta informa-o que ouviu a cantiga numa ilha ao largo da costa Japonesa. Imediatamente parte para a dita ilha para tentar perceber que relação tem com a maldita canção de embalar e, no processo, descobrir quem é. Fica a par da morte de um homem que é parecido fisicamente consigo e aproveita a situação e toma o lugar do falecido. No decorrer das suas investigações depara-se com o seu passado, presente e futuro, que não são assim tão coloridos.
Uma das primeiras sensações que tive e que me parece, ao ler as críticas online, que não foi só a mim que isto ocorreu, é que “Horrors Of Malformed Men” é uma espécie de versão Japonesa de “The Island Of Dr Moreau” de H.G. Wells. Mas não. Trata-se, isso sim, de uma adaptação do livro “The Strage Tale Of Panorama Island” de Edogawa Rampo (uma brincadeira com a pronúncia Japonesa de Edgar Allan Poe). Mas os princípios são similares.
Este filme, que foi banido durante décadas e finalmente se encontra disponível para nosso deleite é, mais do que terror visual, um filme de puro terror psicológico. A sua força assenta mais nas ideias e conceitos explorados do que propriamente no aspecto visual. Aspecto visual que também marca presença mas duma forma bizarra que apenas aumenta ainda mais o, já por si, ambiente psicadélico e hipnótico do filme (estamos em 1969, o ano do psicadelismo por excelência). Para isso contribui, e muito, o uso do Butoh, uma peculiar forma de dança Japonesa. A fantástica performance dos actores, principalmente Teruo Yoshida (Hirosuki Hitomi, o homem em procura do seu passado) e Tatsumi Hijikata (o próprio criador do Butoh no papel de Jogoro Komodo, o louco doutor que realiza as suas experiências na ilha) e a soberba realização do mítico Teruo Ishii também ajudam a tornar este filme numa experiência incrível que, acreditem, não irão esquecer tão cedo.
Segundo me consta, mas posso estar errado ou confundido, no Japão as deformações físicas são tidas como desgraças para a família do deformado. O que pode ser uma explicação válida para este filme, que se baseia nesse pressuposto, ter tido algum impacto no Japão.
Longe de ser o filme de terror mais brutal de sempre no Japão, tal como é apresentado actualmente, este é um filme intenso e bizarro, quase como um pesadelo estranho depois de uma noitada de excessos. Aconselho vivamente. O que não aconselho de forma alguma, é a consumirem drogas alucinogéneas antes de ver este filme. Ficam avisados! 85%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0142257/

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