05/04/08

Jisatsu Saakuru / Suicide Club / Suicide Circle (2002)

Uma estação de metropolitano é palco de um suicídio colectivo. Cinquenta e quatro raparigas, de vários liceus, atiram-se para a linha de comboio no preciso momento em que este está a passar. Mas este não é um caso único. É apenas o início de uma série de suicídios colectivos e individuais. As pessoas (de uma maneira geral adolescentes) começam a agir de uma forma estranha. O detective Kuroda (Ryo Ishibashi) inicia uma investigação que parece não ter fim. Um grupo Pop de pré-adolescentes aparece constantemente na televisão e na rádio. Estarão relacionados? Será uma onda de crimes ou não? Existirá mesmo um “clube de suicídio”?
Segundo sei, o argumentista / realizador Sion Sono é mais conhecido por peças de teatro experimentais algo polémicas. Sono filmou muitas das cenas de “Suicide Club” em sessões de improviso, deixando os actores agir à vontade como se estivessem na vida real. Talvez sejam estes alguns dos motivos que fazem “Suicide Club” tão surreal, estranho, quase psicadélico, com um forte toque avantgarde e “artsy”. Outro motivo de interesse, algo mórbido evidentemente, é que a estação onde decorre a cena inicial existe na realidade e foi já local de variadíssimos suicídios. De tal forma que as autoridades aplicaram uma taxa de suicídio na dita estação para evitar tanto os ditos suicídios como os atrasos dos comboios.
Fiquei algo baralhado ao ver este filme e, mesmo agora, ainda não sei o que pensar. Desiludiu-me de certa maneira. Talvez estivesse à espera de outra coisa completamente diferente. O filme lida com diversos assuntos, desde o suicídio, auto-estima, fama, poder dos “media”, etc. Podem ver no “link” do IMDB do filme diversos comentários, cada um com um ponto de vista completamente diferente. Cada pessoa tem a sua interpretação de “Suicide Club”. Um ponto algo comum e com o qual concordo, é que o filme não pode ser apreciado se não se tiver em conta o factor cultural. O Japão é um país completamente diferente, quase um mundo à parte do resto do planeta. Os conceitos, ideias, e modos de os encarar, de vida, morte, vida após a morte, suicídio, trabalho, pressão do dia-a-dia, cultura ancestral, tudo contribui para uma análise mais elaborada. Percebo algumas coisas, até certo ponto, mas outras escapam-me ou não têm lugar no meu raciocínio ocidental. Como disse, cada pessoa interpreta à sua maneira os diversos temas aqui explorados, por isso, vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões. Mas preparem-se! Não é um filme fácil. Nem a nível visual (muita violência e até algum Gore marcam presença), nem intelectual (a violência e crueza com que assuntos, de certa forma tabu, são retratados). Ficam avisados. Uma coisa é certa: este filme nunca seria feito nos puritanos Estados Unidos. Se querem, e aqui uso o termo anglo-saxónico, “food for thought” (alimento para a mente), então esta é uma boa opção. Eu, pessoalmente, terei de o voltar a ver uma segunda e/ou terceira vez para melhor o assimilar. 70%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0312843/

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