23/02/08

Oldboy (2003)

Há já algum tempo que andava para ver este "Oldboy" (2003), um filme da Coreia do Sul, realizado por Park Chan-Wook (um dos realizadores em "3... Extremos", ver crítica neste blog). Finalmente pus as mãos na edição em DVD, dediquei 120 minutos da minha vida a esta longa-metragem Coreana e não dei o meu tempo por perdido, muito pelo contrário!
Estamos em 1988, Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem normal, casado e com uma filha de 3 anos. Este é raptado e acorda num quarto de hotel onde está prisioneiro, e onde permanece durante 15 anos. Tem um televisor no quarto, através do qual fica a saber que é o principal suspeito do homicídio da sua esposa. No início começa a desesperar sem saber porque está ali aprisionado, sem ter contacto com outros seres humanos (a não ser quando lhe é fornecida a comida através de uma abertura na porta), até que se começa a mentalizar que não vai sair muito cedo. Um dia acorda e apercebe-se que foi libertado perto do mesmo local onde foi raptado e aí começa a sua busca por respostas e vingança. E mais não vou dizer! Isto porque há muitas reviravoltas ao longo do filme e poderia estar a "estragar-vos" o filme se mencionasse algum pormenor importante.
Houve imensas críticas negativas a este filme por ser demasiado violento, mas essa violência não é explícita e por vezes ajuda a manter a tensão e a demonstrar na perfeição as emoções por que passam as personagens durante o filme.
"Oldboy" é violento, não numa perspectiva de Hollywood, em termos de impacto visual, mas sim no argumento / história em si. Park Chan-Wook não tenta de todo minimizar o impacto e as consequências das acções das personagens, tornando as situações mais reais e extremas.
Além disso, "Oldboy" mexe com questões de diferenças culturais, desejo de vingança, ódio, incesto, enfim, aspectos negativos do ser humano, a verdadeira natureza da raça humana, daí a maioria das pessoas se sentir incomodada com certas situações com que aqui somos confrontados.
Quanto ao final, se estivéssemos a falar de um filme de Hollywood, este seria mais certinho e fácil de compreender. Os cinéfilos sabem que os filmes Asiáticos não são assim, são mais surreais, com certas situações e, principalmente os finais, mais metafóricos e abertos a diversas interpretações. É o que acontece aqui em "Oldboy". É, como se costuma dizer em inglês "food for thought" (“alimento para a mente”, coisa que em Hollywood não é habitual). É por isso que a maioria dos ocidentais não gosta de cinema Asiático (e até certo ponto Europeu também), porque estão habituados a que lhes dêem a papa toda feita, não gostam de pensar um pouco, tirar as suas próprias conclusões e interpretar as películas à sua maneira. Assim é o cinema de Hollywood; pelo menos na sua maioria.
Já se falou num "remake" Norteamericano. Será que as gentes de Hollywood já não têm mais imaginação? Tivemos Ju-On / The Grudge, Ringu / The Ring, Infernal Affairs / The Departed, etc, e a maioria das pessoas que vêm esses filmes (os "remakes", leia-se) pensam que nos USA é que se encontra a grande meca do cinema mundial, sem saber que estão a ver cópias de obras primas asiáticas. Mas isso já dava para outro texto só por si, fica para uma próxima, talvez.
Eu sou fã de cinema que me faça pensar, que me provoque, deixe admirado, confuso, que mexa comigo, e "Oldboy" é um desses filmes. Recomendo-o vivamente a qualquer cinéfilo, apreciador da 7ª arte Asiática e a quem gosta de emoções fortes. 85%
RDS
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