Este é um dos filmes que compõem a “trilogia da vingança” do Sul-Coreano Chan-wook Park. Até ao momento apenas tinha tido a oportunidade de ver “Oldboy” (sendo o outro filme da trilogia “Sympathy For Mr. Vengeance”), o qual já revi neste blog e me chamou a atenção para o trabalho deste senhor. Os filmes não têm nenhuma ligação, são histórias diferentes, com um elenco diferente. O único elo de ligação é a ideia da personagem principal procurar vingança a todo custo. A história é simples e já se viu em muitos outros filmes, contada de diversas maneiras. Após 13 anos de encarceramento pelo rapto e assassínio de uma criança de 5 anos, Geum-ja Lee (Yeong-ae Lee) põe em marcha o seu plano de vingança. A pessoa de quem se quer vingar foi a verdadeira responsável pela morte da criança. A primeira hora do filme é apresentada de uma forma quase poética, as informações vão sendo fornecidas uma a uma, na maior parte dos casos por intermédio de “flashbacks” e, aos poucos, vamos encaixando as peças e percebendo o que se passou no passado e se irá passar no presente. Até aqui, “Sympathy For Lady Vengeance” é um filme mais “ligeiro” que “Oldboy” mas, a partir de certo momento, quando já estamos a par de toda a história e do plano de Geum-ja Lee, a situação atinge contornos macabros, a tensão é imensa e torna-se quase insuportável, a situação é surreal, e apresenta-se um dilema moral, não só às personagens mas também ao próprio espectador. E se eu estivesse na mesma situação? O que faria? E no final dá-se uma mudança de comportamento incrível nas personagens, com uma dose brutal de humor negro (o cantar dos “Parabéns a Você” e a ligeireza com que encaram a recente queda de neve). Como se nada se tivesse passado. Fabuloso. A história é relativamente simples mas está contada de uma forma soberba, para isso contribuindo muito a ajuda dos “flashbacks” bem encaixados, a edição do filme, a fotografia, a fantástica banda sonora, a excelente “performance” de Yeong-ae Lee, assim como a realização soberba de Chan-wook Park. Como bónus temos ainda Min-sik Choi (o personagem principal em “Oldboy”) como o vilão Mr. Baek. O resultado final é fenomenal e eu recomendo vivamente. 95%
- E já agora fica a informação de que se prepara mais um “remake” Norte-Americano de um filme Asiático. “Sympathy For Lady Vengeance”, uma obra-prima genial, vai ser massacrada. É isso mesmo, os nosso “amigos” USA já não conseguem fazer nada por si mesmos e têm que recorrer constantemente à reprodução das ideias de outrem. Ou será que tem a ver com o problema de não conseguirem fazer duas tarefas ao mesmo tempo (ver o filme e ler as legendas)? Hum... Penso que é um pouco dos dois. Hollywood perdeu o rumo e já não faz nada de novo ou original. RDS
Mais um filme de terror Sul-Coreano que tive o (des)prazer de ver. Na verdade, a premissa deste não foge muito a aquilo que se faz no Ocidente e, faz até lembrar muito “Anatomie”. Mas, enquanto que no filme alemão lidamos com seres humanos perversos, em “The Cut” lidamos com entidades sobrenaturais e o seu desejo de vingança (claro, estamos a falar de um filme Asiático). Um grupo de seis estudantes de medicina começa a ter sonhos e alucinações arrepiantes depois de uma aula de anatomia, na qual lhes foi atribuído o cadáver de uma bela jovem. Um a um estes vão começar a morrer de forma estranha e começam a aperceber-se de que está tudo ligado ao cadáver e ao passado da jovem. A história não é nada do outro mundo (ou talvez seja) mas está bem desenvolvida, bom argumento, excelente realização (muito importante num filme de terror com uma forte componente de suspense) e soberbas interpretações por parte de todo o elenco. Além disso, o final é inesperado, se bem que já vi reviravoltas do género noutros filmes e os mais “espertinhos” vão dizer que já estavam a prever aquele desenlace (no final do filme todos são muito espertos). Assustador, arrepiante, intenso, asfixiante, é assim “The Cut”. Manteve-me agarrado ao ecrã durante os 90 minutos que tem de duração. Uma particularidade que me faz gostar ainda mais do filme e lhe dá outra dimensão é a fusão dos elementos de terror e suspense com alguma fantasia e um ambiente gótico-romântico. Podemos ver na mesma cena sangue e pétalas de flores ou ainda um cadáver rodeado de cores de tonalidades mais “alegres” como azul, verde ou vermelho. A fotografia representa um grande papel nesta fantástica película Sul-Coreana. Este contraste da morte e do macabro com a beleza da juventude e tons românticos chama a atenção e afasta “The Cut” dos seus pares. Gostei muito e recomendo vivamente, quanto mais não seja pela cinematografia exemplar. 90% RDS
Há mil anos atrás o espírito de um maligno feiticeiro foi aprisionado no lago pelo primeiro imperador do Império Chilla. Este é libertado e apodera-se do corpo da bela Já Woon-bi (Hyo-jin Kim), esposa do General Biharang (Jun-ho Jeong), com o único propósito de se vingar, eliminado a dinastia que assassinou a sua gente, e o aprisionou no lago durante um milénio. O General Biharang encontra-se num dilema emocional pois tem de destruir o espírito mas, ao fazê-lo, irá matar a sua amada esposa. É esta a simples premissa deste filme. Como habitual nos filmes Sul-Coreanos do género, temos direito a uma fabulosa fusão de fantasia, romance, drama, acção e, neste filme em particular, até algum terror. Muito movimento, performances acima da média, efeitos especiais fantásticos, um trabalho de fotografia sensacional e muita emoção. Por muitos filmes que se vejam com as mesmas fórmulas repetidas até à exaustão, é difícil ficarmos impávidos e serenos a toda a tensão e emoção que se cria desde o início até ao fim (neste em especial, um momento melodramático extremo tipicamente Sul-Coreano). É um dos melhores filmes Sul-Coreanos de fantasia que já vi e, como já referi, foi-me difícil tirar os olhos do ecrã durante os cerca de 95 minutos. Sou um fanático da fantasia, o que fazer?! Recomendo a quem gostou de “Bichunmoo”, “The Restless”, “The Duelist” e outros similares. 85% RDS
Uma hospedeira, Oh Mi-sun (Shin-yeong Jang), junta-se ao turno da noite de um comboio intercidades e, na sua primeira noite de trabalho, depara-se com alguns eventos sobrenaturais que ocorrem durante a viagem. Este novo comboio foi construído com partes de um outro que teve um acidente há uns anos atrás, do qual resultaram inúmeras vítimas mortais, entre os quais, o pai de Mi-sun. Pouco a pouco o comboio começa a ganhar vida e começa a reivindicar vidas entre os actuais passageiros. É esta a simples premissa do filme. E até poderia resultar o que, infelizmente, não acontece. A narrativa é muito confusa e há muitos pormenores que estão mal explicados. A resolução do enigma do comboio e dos seus fantasmagóricos ocupantes não é das melhores e, mais uma vez, está mal explicada e alguns pormenores não fazem sentido. Mas é só aspectos negativos? Não. Em termos de efeitos especiais, fotografia e até a própria realização, o filme é fantástico e tem momentos arrepiantes muito bem conseguidos. Mas realço apenas essa componente visual pois, como já referi, o argumento pretende ser algo de muito elaborado e acaba por falhar redondamente. Apenas para os fãs “diehard” de terror asiático e que ainda não estão fartos de assustadoras raparigas de cabelos longos pretos a surgir de todos os cantos e esquinas. 40% RDS
Depois do sucesso de “My Sassy Girl” (já aqui revisto no Zona de Culto), a Coreia Do Sul tornou-se prolífica, para o bem e para o mal, em comédias românticas. Algumas resultam melhor que outras lá isso é verdade mas, de um modo geral, têm tudo para agradar a fãs do género. Como actualmente tenho andado extremamente cansado e saturado com o meu trabalho, tenho optado por ver apenas comédias, para descontrair. Entre a visualização de todas as séries de “Water Boys”, alguns destes filmes têm rodado cá por casa. Passo então a descrever sucintamente cada um dos filmes junto com uma apreciação pessoal.
Lovers Of 6 Years / 6 Nyeon-jjae Yeonae-jung (2008): Este não é propriamente uma comédia mas sim um romance, no entanto, decidi inclui-lo nesta lista porque não fica assim tão desenquadrado. Ha-Neul Kim (protagonista também em “My Tutor Friend”) e Gye-sang Yun interpretam, respectivamente, Lee Da-jin e Kim Jae-yeong, um casal de namorados que mantém a relação há 6 anos. Estes vivem em apartamentos lado a lado mas convivem no dia-a-dia como se morassem juntos. Conhecem-se como ninguém em todos os aspectos mas isso está a apagar alguma da magia do início e a relação está a começar a atravessar uma fase difícil. Começam a afastar-se gradualmente, surgem tentações, infidelidades, etc. Apesar dos clichés, tanto do lado masculino como do lado feminino, o filme explora muito bem as relações entre homens e mulheres na dita faixa etária (meio dos 20s, inícios dos 30s). Apesar do ambiente algo dramático do filme a certa altura, há algumas passagens mais descontraídas e o final em aberto agrada. Dentro da temática explorada, um filme muito acima do que se tem feito nos USA. Recomendo. 75% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt1233458/
Miss Gold Digger / Yonguijudo Miss Shin (2007): Ye-seul Han é Sin Min-su, uma mulher que encarna personagens diferentes consoante o homem com quem está no momento. Dong-min (Jong-hyeok Lee), Jun-seo (Oh-jung Kwon) e Yun-cheol (In-kwon Kim) são os 3 homens com quem ela está a sair actualmente. O filme tem os seus momentos engraçados com as peripécias de Min-su, as suas mudanças de personalidade, as tentativas de não deixar um dos homens ficar a saber das suas vidas paralelas, etc. No entanto, quando se revela o porquê do seu comportamento em relação aos homens, a coisa não parece ficar bem explicada. É um argumento algo rebuscado, na minha opinião. O final em aberto é engraçado mas não o suficiente para apagar a fraca explicação que nos foi dada pouco antes e a sensação de que a coisa não ficou bem resolvida. No entanto, gostei do filme, são (quase) 2 horas bem descontraídas. Se é isso que pretendem, então dêem uma oportunidade a “Miss Gold Digger”. Se querem algo mais profundo, estão a procurar no local errado. Não só neste filme, mas em quase todas as comédias românticas Sul-Coreanas. 65% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt1213617/
My Tutor Friend / Donggabnaegi gwawoehagi (2003): De todo o lote aqui apresentado, está é a melhor comédia romântica, ficando apenas a uns passos de “My Sassy Girl”. Mais uma, segundo parece, baseada numa história real. Choi Su-Wan (Ha-Nuel Kim) e Ji-Hoon Kim (Sang-Woo Kwone) têm ambos 21 anos de idade mas, enquanto Su-Wan está no 2º ano de Universidade, Ji-Hoon ainda está no último ano do liceu. A família de Su-Wan é de classe média e esta tem de ajudar a mãe financeiramente dando explicações. Como não podia deixar de ser, acaba por ir dar explicações a Ji-Hoon, um rapaz rico, mimado e sem planos para o futuro. Para variar, os dois nãos e entendem a início mas a sua relação começa a tornar-se mais forte. A ténue linha entre o ódio e o amor está quase sempre presente neste tipo de filmes e, particularmente nos Coreanos, é obrigatória. Entre a efervescente relação entre as duas personagens principais e os problemas em que o rapaz está sempre metido, há sempre motivos de interesse para manter os olhos no ecrã e dar umas boas gargalhadas. Gostei da performance dos dois actores principais, do argumento, da realização, está tudo soberbo. Para um filme do género, já por si limitado e actualmente esgotado, principalmente na Coreia do Sul, é uma boa surpresa. Recomendo. 90% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0348591/
PB's - Ye Gam (FanVideo) (My Tutor Friend OST)
My Tutor Friend 2 / Donggabnaegi gwawoehagi 2 (2007): Mais do mesmo estão a pensar vocês. Nem por isso. Não se trata de uma sequela pois as personagens são diferentes. Embora o conceito seja semelhante, aqui está explorado de uma forma algo diferente. Junko (Lee Cheong Ah) é uma rapariga Japonesa mas com sangue Coreano por parte da avó. Esta viaja do Japão para a Coreia do Sul como estudante de intercâmbio mas, o seu verdadeiro propósito é outro. Esta corre atrás do objecto da sua paixão, um Coreano que estava a estudar no Japão, onde se conheceram. Na residência onde está alojada conhece Jong Man (Park Ki Woong), o filho do senhorio, um rapaz cheio de si e que, junto com os seus dois amigos, está sempre a criar confusão junto de Junko. Como esta está a ter alguma dificuldade com o seu Coreano, principalmente na faculdade, o pai de Jong Man obriga-o a dar explicações à rapariga. Entre a já referida relação amor-ódio, as confusões criadas pelo choque de culturas e barreiras linguísticas, as peripécias de Junko na procura do seu amado, e ainda um segredo que Jong Ma esconde, temos motivos mais que suficientes para umas boas gargalhadas e boa disposição. Se gostaram do filme original, experimentem este também que não se vão arrepender. 85% IMDB: (não existe)
Please, Teach Me English / Yeongeo Wanjeonjeongbok (2003): Na Young-ju (Na-yeong Lee) é uma rapariga de 25 anos com baixa estima, tímida, com uma vida pessoal desinteressante e que trabalha como oficial público. Depois de um problema ter surgido no trabalho, com um cliente que não fala coreano, decide-se que alguém do escritório tem de aprender a falar inglês. É claro que a escolha teria de recair sobre Young-ju. Do outro lado temos Park Moon-su (Hyuk Jang), um “playboy” que decide ter aulas de inglês para poder falar com a sua irmã, a qual foi adoptada à nascença por uma família Norte-Americana. Além disso, ele pensa que as frases de engate soam melhor em inglês. Estes encontram-se nas aulas e Young-ju pensa ter encontrado a sua alma gémea, mas Moon-su apenas tem olhos para a professora Catherine. Já se sabe onde isto vai parar, não é? Além das habituais confusões neste tipo de comédias, temos ainda a componente cultural e linguística que cria enormes confusões. É impressionante como um simples beijo na face, como forma de cumprimento, pode ser perfeitamente natural para um ocidental e mal visto por um oriental. Vale a pena não só pela componente humorística e romântica como também por esta perspectiva cultural. 75% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0381716/
Venus And Mars / Ssaum (2007): A base da história é simples. Ji-na (Tae-hee Kim) e Sang-min (Kyung-gu Sol) é um casal que enfrenta alguns problemas e acaba por se divorciar. Em vez de ir cada um para o seu lado, iniciam uma infindável batalha em que cada acção de vingança leva a outra. Com este pressuposto, já podem imaginar a boa dose de gargalhadas que irão dar. O final é algo imprevisível, ao contrário do que alguns poderão dizer, mas ainda temos tempo para uma pequena reviravolta engraçada. Gostei do filme mas, como já disse, o final é algo inesperado, pelo menos para este tipo de filmes e, embora tenha gostado da reviravolta e como as coisas ficaram, de certa forma, em aberto, esperava outro desenlace. Mesmo assim, vale a pena. 70% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt1193523/
Estamos na Coreia do século XIV, Dinastia Chinesa Yuan. O país está sob o governo dos Mongóis. Um casal de apaixonados, Jinha (Shin Hyun-june) e Sullie (Kim Hee-sun), filha ilegítima de um Comandante Mongol, são apanhados no meio. Com o objectivo de formar uma aliança, o pai de Sullie, Taruga (Hak-cheol Kim), planeia casá-la com um poderoso senhor da guerra Chinês. Entretanto Jinha, cuja família foi assassinada por Taruga, fica a par do verdadeiro responsável pela sua tragédia. Movido pelo ódio e, este inicia a aprendizagem da secreta arte marcial do Bichun, um legado de família. A busca do pergaminho sagrado por parte de Jinha é, por diversas vezes, impedida por outros na procura do mesmo segredo. Num destes confrontos, Jinha é salvo por Junkwang, um rico e poderoso filho de um Lorde Han. Mas por um acaso do destino, esse é o homem com quem Sullie terá de casar. Quando Junkwang sabe do amor entre os dois jovens, planeia o assassinato de Jinha. A história deste filme Sul-Coreano, baseado numa banda desenhada, segue uma linha muito similar à do clássico de Shakespeare, “Romeu e Julieta”. Dois jovens que se amam e não conseguem estar juntos por razões externas à sua vontade, não sendo neste caso devido a famílias rivais, mas por razões políticas que envolvem as proveniências dos amantes. Mas é claro que estamos a falar de uma versão “swordplay fantasy” feita na Coreia Do Sul. O que quer isso dizer? Tem muita acção, aventura, artes marciais, fantasia, romance e o típico melodramatismo exacerbado dos filmes Sul-Coreanos. A fotografia, como habitual neste tipo de filmes, é soberba. Belas paisagens com tons de cor pastel criam um festim visual e fazem fundo para todo o movimento e coreografias de artes marciais. A fantástica banda sonora, também para não variar, ajuda muito ao clima. A história é simples, derivativa e tem algumas falhas, que passam quase despercebidas, mas cumpre o seu objectivo principal que é entreter a audiência. Os actores, na sua grande maioria, cumprem também o seu papel na perfeição. Não esperem uma obra-prima pois “Bichunmoo” fica apenas um pouco acima da média. Não é dos melhores do género, mas tem todos os ingredientes para satisfazer quem gosta do estilo. Para fãs de filmes asiáticos de fantasia e artes marciais plenos de movimento e com um aspecto visual riquíssimo. 70% RDS
A jornalista Ji-won (Ji-won Ha) escreveu alguns artigos sobre pedofilia e, por isso mesmo, está ser alvo de chamadas telefónicas ameaçadoras por parte de pessoas envolvidas no escândalo. Esta tira um tempo livre do seu trabalho e vai viver durante uns tempos para a casa nova, ainda desabitada, de uma amiga. A filha do casal amigo, Young-su, atende o telemóvel de Ji-won e dá um grito de susto, passando a comportar-se de uma forma estranha e assustadora depois do sucedido. A criança começa a demonstrar uma atracção obsessiva pelo pai e a odiar a mãe. Entretanto, Ji-won continua a receber chamadas e mensagens, mesmo depois de mudar de número. Esta inicia uma investigação para saber mais sobre o passado do seu actual número e descobre que os anteriores donos ou desapareceram, ou morreram em circunstâncias misteriosas. Ao procurar informações sobre a primeira pessoa desaparecida, Jin-hee, descobre que esta era uma adolescente que estava obsessivamente apaixonada por um homem mais velho e casado. Os segredos começam a desvendar-se. Não vou estar a revelar muito mais da trama, pois este é um filme que tem de ser ir vendo e juntando certas peças. Misto de policial, thriller e terror, este filme da Coreia do Sul é protagonizado por Ji-won Ha (“Sex Is Zero”, “100 Days With Mr. Arrogant” ou “Duelist”, entre outros). Já aqui fiz comentários às capacidades, ou falta delas, desta jovem actriz. Ora vejo um filme onde esta me desilude totalmente, ora vejo um filme onde esta está irrepreensível. Este é um dos filmes onde Ji-won consegue uma boa performance. Quanto ao filme em si, apesar de ter um enredo algo complexo, este não é assim tão difícil ou confuso como outros filmes asiáticos de terror ou suspense que tenho visto. Pelo menos não o é pelos padrões asiáticos, pois este “Phone” está mais próximo de um thriller sobrenatural Norte-Americano do que de um Sul-Coreano. O argumento é bom, o ambiente é intenso, tem muito suspense, revilravoltas não esperadas e uma actuação fenomenal de Ji-won e, principalmente, de Seo-woo Eun (a filha do casal). Não é uma obra-prima, mas vale a pena os 100 minutos e, se gostam do género, não os vão dar por perdidos, acreditem. 85% RDS
A familia Kang (pai, mãe, tio, um filho e duas filhas) compra um alojamento na montanha. Estes aguardam ansiosamente o primeiro cliente que tarda em chegar. Finalmente, um homem aluga um quarto. A excitação não podia ser maior. Mas no dia seguinte encontram o homem morto na cama. Para não chamar a policia e evitar a má publicidade para o alojamento, decidem enterrar o corpo na montanha. Mais clientes chegam e as coisas parecem estar a compor-se mas, os Kang parecem estar destinados a ter azar. Entre suicídios, assassinatos e acidentes, a contagem de corpos aumenta drasticamente. Para ajudar à confusão, a policia começa a investigar o desaparecimento de dois homens e uma nova estrada que está a ser construída vai passar precisamente no sítio onde a família está a enterrar os corpos. As coisas ficam mesmo fora de controlo. Esta obra-prima plena de humor negro foi escrita e realizada por Ji-woon Kim, responsável por outras pérolas como “A Tale Of Two Sisters” ou “Memories” (parte de “Three Extremes 2”), por exemplo. Esta foi, aliás, a sua estreia em filme de longa duração. No elenco temos In-hwan Park (Tae-gu Kang, pai), Mun-hee Na (Mrs. Kang, mãe), Kang-ho Song (Yeong-min Kang, filho), Min-sik Choi (Chang-ku Kang , tio), Ho-kyung Go (Mi-na Kang, filha) e Yun-seong Lee (Mi-su Kang, filha). Fusão de ambientes e ideias de inspiração Hitchcock com o típico humor Coreano pautam este filme. Não há um único momento “morto” no filme, passo a expressão. As situações mais bizarras e invulgares não param de acontecer. O sorriso, por vezes amarelo, não sai das nossas caras um único segundo. E muitas gargalhadas acompanham. E o final… é impagável. Uma das melhores cenas, de entre muitas, é quando a certo momento temos a família sentada à mesa, prestes a iniciar o seu jantar, e a falar descontraidamente sobre como as suas capacidades de cavar buracos e enterrar corpos está a melhorar. Antes demoravam horas, agora conseguem-no fazer em meia hora. Como se estivessem a falar de uma coisa normalíssima. Na televisão estão a falar de espiões Norte-Coreanos que foram apanhados em flagrante no Sul. O filho da família diz, na brincadeira, que estes mereciam era ser enterrados vivos. Toda a família ri do comentário. Hitchcock na sua pura essência! O mestre do suspense é que gostava de pôr as pessoas a falar de morte durante as refeições. E a banda sonora cheia de material das linhas Rockabilly, Horrorpunk e Gothic Rock encaixa na perfeição (à excepção de um ou dois temas algo desenquadrados), no ambiente geral do filme.
Das melhores comédia negras que vi nos últimos anos, a par de, por exemplo, “The Trouble With Harry” de Hitchcock. Recomendo vivamente a fãs deste tipo de humor, fãs de Hithcock e fãs de cinema de terror e suspense asiático em geral. Falta ainda referir que o filme foi alvo de uma nova versão por parte do polémico realizador Japonês Takashi Miike, sob o título “The Happiness Of The Katakuris” (Katakuri-ke No Kôfuku) em 2001. Ainda não vi esta versão, mas fiquei ansioso por o fazer. Segundo parece, Miike transformou a história num bizarro musical com zombies e outros que tais. Hum… chama a atenção. Mas, para já, aconselho o visionamento desta obra-prima Sul-Coreana. 95% RDS
Pil-gi é um miúdo que vive com o pai. Estes têm sempre desentendimentos com os senhorios das casas onde vivem, o que os leva e estar sempre a mudar. Avançamos no tempo. Pil-gi (Seung-won Cha) é já um adulto e está a comprar a sua primeira casa, tal como tinha prometido em tempos ao falecido pai. A casa parece perfeita à primeira. Boa localização, bonita, e disponível por um bom preço. Pil-gi está satisfeito com a sua compra, até que coisas estranhas começam a acontecer. A casa começa a atacá-lo, móveis mexem-se, pratos voam, aparecem galinhas (uma das suas fobias) em números exorbitantes. Uma das cenas mais hilariantes tem a ver com um aparelho de televisão. Só mesmo vendo para perceber o que é. Ora, estes ataques têm a sua razão de ser. A casa é habitada por uma fantasma. Mas uma muito bonita, nada dos habituais espectros horripilantes dos filmes de terror. Esta fantasma, Yeon-hwa (Seo-hee Jang), a anterior moradora, tenta expulsá-lo de sua casa. O filme começa numa linha de comédia de terror (as chamadas “horror comedies” em inglês, muito populares nos 80s) mas, como habitual nos filmes Coreanos (e asiáticos em geral), há uma viragem no estilo a cero ponto. Sem querer estar a revelar muito da história, a certa altura do filme ficamos a saber o porquê daquela fantasma estar presa à casa. Passamos por uma breve fase mais direccionada para o drama. Pil-gi tenta ajudá-la. Entretanto, uma outra personagem aparece em cena e Pil-gi e Yeon-hwa têm de unir esforços para lutar contra um inimigo comum. Uma luta final, bem ao estilo das comédias de terror dos 80s (as séries “House” e “Evil Dead” vêm à cabeça), vai decidir tudo. Tanto Seung-won Cha como Seo-hee Jang estão fabulosos nos seus respectivos papéis. Assim como o resto do elenco. Sem ser uma obra-prima, o filme cumpre o seu intento. Gostei muito de todas as “fases” do mesmo, tanto a comédia mais declarada, como as partes mais sérias. São duas horas de filme, mas que passam sem darmos por isso. Para quem gosta de comédia em geral, comédias Coreanas e 80s horror comedies em particular. 75% RDS
Yo-won (Yu-won Lee) e Min-sun (Min-sun Kim) estão fartas da sua vida e dos problemas que têm de enfrentar no dia-a-dia. Decidem tirar umas “férias” da sua vida. Pedem um carro emprestado a um amigo e fazem uma viagem. No carro (estas desconhecem que foi roubado pelo amigo) encontram duas armas. Elas pensam que são brinquedos e disparam uma acidentalmente. As armas pertencem a um polícia e a um mafioso que as perderam num jogo de cartas. Eles necessitam as armas de volta. O polícia pela razão óbvia; o mafioso, porque era uma prenda para o seu chefe. Ambos estão metidos em problemas se não as recuperam. Pelo caminho as raparigas metem-se em problemas por usar as armas num café. Ganham mais uma companheira de viagem, Young-mi (Eun-ji Jo), empregada do café. Mais confusão pelo caminho e ganham outra companheira, Jin-a (Young-jin Lee), dona de uma loja de roupa, também com problemas que a levam a deixar a sua vida quotidiana. Tornam-se heroínas de milhares de jovens pelo país fora. É até feito um website sobre as 4 raparigas e as suas aventuras. AFRIKA (Adoring Four Revolutionary Idols Korea Association) é o nome atribuído ao grupo. Fiquei desiludido com este filme. Talvez por ter algumas expectativas algo altas depois de ter lido a sinopse e algumas críticas mais favoráveis. As personagens não são bem exploradas, o que seria muito importante para a história. Apenas nos são dados a conhecer uns pequenos pormenores das suas vidas que as levam a encetar esta aventura. Não há nada que nos leve a gostar muito delas ou querer estar no seu lugar. Falta esse background de que falei, a história e as personalidades de cada uma das personagens. Apenas acção (nem muita) intercalada com alguns momentos mais divertidos (nem muito divertidos). Sem muito “sumo”, leia-se. A cena do “duelo” entre duas das raparigas é exagerada, tanto no dramatismo exacerbado como na utilização de câmara a 360 graus. Parece quase uma sátira aos policiais de Hong Kong. O único problema é que a coisa é feita de uma maneira séria, não se tratando de uma sátira. E o final, além de previsível, é perfeitamente irreal. E as impressões digitais? E todas as balas disparadas com a arma do polícia? E as centenas de testemunhas? E muito mais falha no argumento. Não houve uma preocupação em cuidar destes pormenores. Simplesmente focaram as atenções no facto das raparigas fugirem da sua vida quotidiana, embarcarem nume aventura estilo “Thelma & Louise”, de se tornarem ídolos Pop, e na preocupação da dupla polícia / mafioso em recuperarem as suas armas. Mastiga e deita fora, tipo filme de meio calibre de Hollywood. A dupla polícia / mafioso (acompanhados por um ajudante do mafioso) é hilariante e as curtas passagens em que temos a hipótese de os ver, são mais interessantes do que propriamente as cenas com as raparigas. Outra cena engraçada, é o facto do dono da estação de serviço ser o mesmo de “Attack The Gas Station” (1999), um filme com uma temática similar. O homem é roubado novamente e obrigam-no a cantar mais uma vez. Além destes momentos altos, não há muito mais de apelativo. Há filmes muito melhores no género, não só na Coreia do Sul mas também, e principalmente, em Hong Kong. Puro entretenimento, e nada mais. Um filme mediano para quem pretende passar um bom bocado sem se preocupar muito em dissecar argumentos, actuações ou realizações. 50% RDS
Eun-Shik Jang (Chang Jung Lim) é um jovem de 28 anos que, depois de uns revezes na vida e de ter cumprido serviço militar, ingressa na universidade. Este apaixona-se perdidamente por Eun-hyo Lee (Ji-won Ha), a rapariga mais bonita do campus. Mas as coisas não correm bem a Eun-Shik. Além deste ser sempre apanhado em flagrante pela rapariga nas situações mais embaraçosas, esta começa a namorar com o galã da universidade. Numa reviravolta inesperada, Eun-hyo tem de lidar com algo muito mais sério (e aqui o filme assume contornos dramáticos) e só tem Eun-Shik para a ajudar. Juntem a isto os amigos do rapaz que andam enrolados com as amigas dela (ou a tentar que isso aconteça), um par de ladrõezecos de meia-tigela que aparecem em tudo quanto é lado e estão sempre a masturbar-se, e têm filme. Sem estar a desvendar muito mais, nem da história, nem das próprias gagues, é basicamente este o resumo daquilo que vão ver. Sinceramente, não estava à espera de nada de mais, apenas mais uma comédia de inspiração “Porkys” ou “American Pie”, mas com o típico humor Coreano. O que me saiu foi um dos filmes mais hilariantes que vi nos últimos tempos. Há muito tempo que não dava umas gargalhadas bem sonoras como dei ao ver este filme. Daquelas que por vezes se fica sem ar e com dores no peito. O humor é, como já disse, típico Coreano, simples, absurdo, quase infantil. E neste tipo de filme, ainda se acentua mais essa componente. Não esperem ver uma obra-prima do cinema Coreano ou mundial. “Sex Is Zero” é uma simples comédia recheada de jovens na faculdade, sexo, masturbação, bebedeiras, partidas, amor, etc. Como habitual nos filmes asiáticos, há uma mudança radical de estilo. Depois da 1ª hora de diversão, há uma inesperada situação que aumenta a carga emocional do filme, mas que aproxima as personagens principais. Chang Jung Lim é hilariante, o filme não funcionaria sem ele. E não só na primeira parte do filme, mas também na segunda, onde adopta uma atitude mais séria. Ji-won Ha também está fabulosa neste “Sex Is Zero”. Depois de, de certa maneira, me ter desiludido com as suas prestações em “The Duelist” e “100 Days With Mr Arrogant”, aqui imprime à sua personagem uma abordagem totalmente diferente. Afinal a rapariga sabe representar. Eu talvez tenha embirrado com a rapariga em “The Duelist”. Mas nem só os actores principais, pois todo o elenco está fabuloso. Para uma boas gargalhadas, este é o filme ideal. Muito superior às últimas propostas do género vindas dos Estados Unidos. Recomendo! 90% RDS
No 100º dia de namoro (uma data importante para os casais na Coreia) o namorado de Kang Ha-yeong (Ji-won Ha) acaba com a relação. Certo dia, ao regressar da escola e ainda frustrada com o que lhe aconteceu, dá um pontapé numa lata e esta vai parar à cabeça de Lee Hyeong-jun (Jae-Won Kim). Este perde o controle do seu carro de luxo e acaba por bater numa parede e riscar a pintura do veículo. Como Ha-yeong não pode pagar pelo estrago, esta vê-se obrigada a tornar-se escrava de Hyeong-jun durante 100 dias. Mais uma comédia romântica, oriunda da Coreia Do Sul, que tive a oportunidade de ver. O humor é o mesmo de sempre, simples, directo, algo patético. Se a vossa intenção é ver um filme ligeiro, soltar algumas gargalhadas e passar um bom bocado, esta é uma boa opção. Não é a melhor comédia romântica que já vi, mas é superior ao que tem saído de Hollywood nos últimos tempos. É, pelo menos, diferente. A ideia principal é engraçada e dá lugar a situações hilariantes. O motivo pelo qual não gostei mais de “100 Days…” é mesmo a actriz principal. Ji-won Ha usa e abusa de expressões faciais infantis, exageradas, quase burlescas. Foi precisamente esta mesma actriz que baixou o nível do fantástico “The Duelist”. Um filme quase perfeito e que perde pontos pela performance de Ji-won Ha. Aqui acontece precisamente o mesmo. “100 Days…” poderia ser uma fantástica comédia romântica se tivesse outra actriz no papel principal. Já Jae-won Kim faz a sua parte muito bem e representa na perfeição o mimado e egocêntrico “playboy” universitário Lee. Para passar um bom bocado com a namorada e/ou o grupo de amigos. Nada mais. 65% RDS
Ho-sik Kim, um jovem Coreano, manteve durante algum tempo um diário online sobre a atribulada e disfuncional relação com a sua namorada. Deste diário resultou um livro com a assinatura do mesmo. Deste livro, resultou um filme pelas mãos de Jae-young Kwak (argumentista e realizador). É precisamente este filme que vos estou a apresentar. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro mas, segundo sei, esta adaptação cinematográfica é fiel ao mesmo. Kyun-woo (Tae-hyun Cha) volta a casa depois de um jantar com uns amigos. No metro é confundido com o namorado de uma rapariga (Ji-hyun Jun) alcoolizada que, depois de incomodar alguns passageiros (e nem só), desmaia e cai ao chão. Kyun-woo vê-se obrigado a tomar conta da rapariga (não é referido o seu nome, sendo apresentada apenas como “a rapariga”). Depois deste ficar a saber o porquê da bebedeira da rapariga, fica com pena e decide tomar conta dela até que ultrapasse o mau momento. No entanto, a rapariga usa e abusa dele. Este torna-se quase um escravo e passa por inúmeras provações, humilhações públicas, e outras situações hilariantes. Mas prometeu a si mesmo tomar conta dela até que fique bem. Para quem não está habituado a ver comédias Coreanas, algumas das situações podem parecer algo absurdas e patéticas. É o humor Coreano, simples, directo, quase infantil. Eu ainda não me habituei muito a este tipo de humor. Mas em “My Sassy Girl” as situações são tão absurdas e surreais que nos levam a manter um constante sorriso. O argumento está muito bem escrito e tem algumas reviravoltas que nos mantêm interessados, muito humor, romance e algum drama. Os actores principais, Cha e Jun, estão fantásticos nas suas respectivas interpretações. São duas horas (137 minutos no director’s cut) que passam quase a voar. Não houve um único momento em que eu estivesse aborrecido. Felizmente tive a sorte de ver a versão longa (director’s cut) que tem cerca de 15 minutos extra. Quando tenho essa oportunidade, não a perco. As versões editadas pelos senhores de fato e gravata por vezes perdem algum material interessante. Mas isto já seria tema para uma crónica à parte. Outro assunto que daria outra boa crónica seria a questão dos remakes. Pois é meus amigos, este filme também vai ter o tratamento de Hollywood e vai ser “americanizado”. Pois eu digo: já chega caramba! Agora todos os filmes de sucesso na Ásia têm que ser alvo de uma medíocre versão “hollywoodesca”? Vejam o original. Ponto final. Aconselho vivamente. 90% RDS
Ano 924, final da Dinastia Shilla. Os contínuos motins varrem a terra governada por um governo corrupto. As violentas forças do mal dominam e os demónios vagueiam a terra. Após ter perdido a sua noiva Yon-hwa (Tae-hee Kim) num incêndio, Yi Gwak (Woo-sung Jung), um guerreiro que tem o poder de ver espíritos, decide entrar para o exército real de caça aos demónios, Chuh-yong-dae. Mas quando todos os seus colegas guerreiros são mortos, Yi Gwak foge e abriga-se num santuário onde encontra a entrada para um mundo que fica entre o Céu e a Terra. Joongcheon, o mundo intermediário entre o céu e a terra, é um local onde as almas permanecem durante 49 dias, onde de preparam para a reincarnação. Aí encontra So Hwa (Kim Tae Hee), uma deusa que se parece fisicamente com a sua falecida amada. So Hwa, a guardiã das portas entre o reino dos mortais e o Joongcheon, encontra-se em perigo quando um exército de almas penadas tenta regressar ao mundo dos vivos. Yi Gwak vai tentar mantê-la a salvo a todo custo mas, no processo, descobre que o referido exército é liderado pelos seus antigos colegas de armas. As actuações são excepcionais (apesar do que se diz noutras críticas feitas por entendidos, ou não, da matéria); a história é relativamente simples, mas cativante; a realização é soberba; os efeitos especiais são fantásticos e a fotografia é assombrosa, com belíssimas paisagens e uma palete de cores fortes e apelativas. “The Restless” é um belíssimo filme de fantasia épica com uma história de amor no centro das atenções e muitas artes marciais a complementar a acção. Não será uma obra-prima, mas é um excelente filme de fantasia / romance / artes marciais. Recomendo a fãs do género. 90% RDS
O filme tem início numa base militar Norte-Americana (algum duplo sentido aqui, hem?) na Coreia do Sul onde, a mando do seu superior, um cientista deita uma larga quantidade de formaldeído pia abaixo, sabendo que este irá parar ao rio Han, bem no meio da cidade. Seis anos depois, um monstro, resultante de uma mutação devida à poluição das águas com o já referido químico, surge das águas do rio e causa o pânico no parque. Uma criança, Park Hyun-seo (Ah-sung Ko), familiar dos donos do quiosque à beira do rio, é levada pela criatura para o fundo das águas do Han. O seu pai Park Gang-du (Kang-ho Song), o avô Park Hie-bong (Hie-bong Byeon), o tio Park Nam-il (Hae-il Park) e a tia Park Nam-Joo (Du-na Bae) são levados pelo exército para uma área de quarentena, junto com todos os familiares das vítimas e outras pessoas possivelmente contaminadas. Estes pensam que a menina está morta mas, durante a cerimónia fúnebre, Park Gang-du recebe uma chamada do telemóvel da filha a pedir auxílio. Este diz aos militares o que aconteceu mas ninguém acredita nele, pensando que este está a sofrer um choque pela morte da filha. Este inicia então, junto com o resto da família, uma desesperada busca pela filha. Elementos de terror, thriller, ficção cientfica, acção, drama e alguma comédia fazem o todo neste peculiar filme. Mas não pensem que o filme é uma vulgar mistura de estilos que o tornam numa manta de retalhos. Todos os elementos estão muito bem balançados. Os excelentes efeitos especiais e de CGI (Weta Workshop, responsável por “King Kong” e “The Lord of the Rings” & The Orphanage, responsável por “Harry Potter and the Goblet of Fire” e “Sin City”) têm um papel importante em “The Host”, mas são as performances dos actores principais que sobressaem. A história pode parecer simples, e é até certo ponto, mas está bem explorada. E temos uma reviravolta no final. Não é algo que as pessoas possam estar à espera. Mas fico por aqui para não vos revelar algo que vos possa estragar o filme. É peculiar, muito peculiar, é o único que posso dizer. Um final triste ou feliz? Nem sei bem. Vejam e tirem as vossas próprias conclusões. Para fãs de cinema Sul-Coreano, asiático em geral e filmes de criaturas / monstros. Por alguma razão o filme ultrapassou a marca dos 12 milhões de pessoas que foram às salas de cinema no país de origem. 75% RDS
Há já algum tempo que andava para ver este "Oldboy" (2003), um filme da Coreia do Sul, realizado por Park Chan-Wook (um dos realizadores em "3... Extremos", ver crítica neste blog). Finalmente pus as mãos na edição em DVD, dediquei 120 minutos da minha vida a esta longa-metragem Coreana e não dei o meu tempo por perdido, muito pelo contrário!
Estamos em 1988, Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem normal, casado e com uma filha de 3 anos. Este é raptado e acorda num quarto de hotel onde está prisioneiro, e onde permanece durante 15 anos. Tem um televisor no quarto, através do qual fica a saber que é o principal suspeito do homicídio da sua esposa. No início começa a desesperar sem saber porque está ali aprisionado, sem ter contacto com outros seres humanos (a não ser quando lhe é fornecida a comida através de uma abertura na porta), até que se começa a mentalizar que não vai sair muito cedo. Um dia acorda e apercebe-se que foi libertado perto do mesmo local onde foi raptado e aí começa a sua busca por respostas e vingança. E mais não vou dizer! Isto porque há muitas reviravoltas ao longo do filme e poderia estar a "estragar-vos" o filme se mencionasse algum pormenor importante.
Houve imensas críticas negativas a este filme por ser demasiado violento, mas essa violência não é explícita e por vezes ajuda a manter a tensão e a demonstrar na perfeição as emoções por que passam as personagens durante o filme.
"Oldboy" é violento, não numa perspectiva de Hollywood, em termos de impacto visual, mas sim no argumento / história em si. Park Chan-Wook não tenta de todo minimizar o impacto e as consequências das acções das personagens, tornando as situações mais reais e extremas.
Além disso, "Oldboy" mexe com questões de diferenças culturais, desejo de vingança, ódio, incesto, enfim, aspectos negativos do ser humano, a verdadeira natureza da raça humana, daí a maioria das pessoas se sentir incomodada com certas situações com que aqui somos confrontados.
Quanto ao final, se estivéssemos a falar de um filme de Hollywood, este seria mais certinho e fácil de compreender. Os cinéfilos sabem que os filmes Asiáticos não são assim, são mais surreais, com certas situações e, principalmente os finais, mais metafóricos e abertos a diversas interpretações. É o que acontece aqui em "Oldboy". É, como se costuma dizer em inglês "food for thought" (“alimento para a mente”, coisa que em Hollywood não é habitual). É por isso que a maioria dos ocidentais não gosta de cinema Asiático (e até certo ponto Europeu também), porque estão habituados a que lhes dêem a papa toda feita, não gostam de pensar um pouco, tirar as suas próprias conclusões e interpretar as películas à sua maneira. Assim é o cinema de Hollywood; pelo menos na sua maioria.
Já se falou num "remake" Norteamericano. Será que as gentes de Hollywood já não têm mais imaginação? Tivemos Ju-On / The Grudge, Ringu / The Ring, Infernal Affairs / The Departed, etc, e a maioria das pessoas que vêm esses filmes (os "remakes", leia-se) pensam que nos USA é que se encontra a grande meca do cinema mundial, sem saber que estão a ver cópias de obras primas asiáticas. Mas isso já dava para outro texto só por si, fica para uma próxima, talvez.
Eu sou fã de cinema que me faça pensar, que me provoque, deixe admirado, confuso, que mexa comigo, e "Oldboy" é um desses filmes. Recomendo-o vivamente a qualquer cinéfilo, apreciador da 7ª arte Asiática e a quem gosta de emoções fortes. 85%
"3... Extremos" (Saam gaang yi / Three… Extremes / Three Monster; 2004) é, não um filme, mas uma compilação de 3 curtas-metragens de origem asiática, existindo ainda outra recolha do género (essa fica para uma próxima). A primeira curta, "Dumplings", vem de Hong Kong e foi realizada por Fruit Chan. A segunda, "Cut", vem da Coreia do Sul e foi escrita e realizada por Park Chan-Wook (realizador de "Oldboy"). A terceira, "Box", vem do Japão e foi realizada por Takashi Miike (o mesmo do controverso filme "Ichi, The Killer", entre outros).
Pode ver-se o DVD por partes, uma curta-metragem de cada vez pois não têm qualquer relação entre si mas, na minha modesta opinião, e foi assim que eu o fiz, deve carregar-se no "play" e ver-se tudo do início até ao fim, com créditos finais incluídos.
Em "Dumplings", uma actriz procura a fonte da juventude em "dumplings" (pastéis de carne) que contêm um ingrediente secreto que, mesmo às pessoas de estômago mais forte, vai provocar alguma má disposição. E mais não digo porque só mesmo vendo!
Em "Cut", um realizador vê-se aprisionado com a sua mulher num cenário de um dos seus filmes por um fã. O suspense mantém-se durante os cerca de 40 minutos de duração. A maior parte das vezes nem sabemos se havemos de rir ou ficar com medo ao imaginar se aquilo nos estivesse a acontecer a nós. Torna-se extremamente assustador em certos momentos. Acreditem que não vão conseguir afastar o olhar do ecrã nunca, com uma certa pressão no peito e, quando acabar vão ter a sensação de que nem respiraram durante a todo o visionamento!
Finalmente, em "Box", uma escritora sonha constantemente que é envolta em plástico e que é enterrada viva e, com o decorrer do filme vamos descobrir certas coisas do seu passado. Nesta última metragem imaginem um argumento escrito por Quentin Tarantino, com influências de terror / suspense tipicamente Japonês, e realizado por David Lynch. É muito surreal e, para quem não está acostumado a cinema de suspense vindo do Japão, poderá ficar muito confuso.
Posso descrever tudo em 3 sensações sequenciais: em "Dumplings" ficamos enojados; logo ficamos assustados com "Cut" para, a seguir, ficarmos confusos com "Box". No final de tudo vão ficar a olhar para o ecrã do vosso televisor de boca aberta a pensar: "mas o que é que aconteceu aqui nestes 120 minutos?". Foi isto mesmo que me aconteceu!
Indispensável para os fãs de emoções fortes e de cinema Asiático. 90%