Reedição já mais que merecida
deste filme para adultos (leia-se: pornográfico), datado de 1984, baseado no vídeo
musical de Michael Jackson, “Thriller”. Mistura de pornografia, musical, terror,
humor negro e algum surrealismo, “Driller” é um dos poucos filmes XXX da década
de 80 que ainda hoje se consegue ver com algum gozo (sem piada subentendida).
Depois de um concerto da estrela
do rock Mr. J, a fã do músico Louise (Taija Rae) volta para casa com o
namorado. Quando se prepara para ir dormir, o referido Mr J. aparece no seu
quarto com a sua trupe de dançarinos para um número musical, posterior transformação
em lobisomem, e um bizarro acto sexual do licantropo com a rapariga. Pensam que
isto já é estranho demais? Esperem para ver mais. A criatura leva a rapariga
para a masmorra do seu castelo onde esta é sujeita às mais variadas bizarrias
sexuais com mortos-vivos, corcundas, lobisomens,
mutantes e outras criaturas e psicopatas. Tudo é extremamente surreal, numa
espécie de sequência de pesadelos (ou sonhos, conforme o ponto de vista) que,
no final se revelam isso mesmo. Tudo isso não passou de um sonho da Louise.
Todo o trabalho envolvido no filme é soberbo, desde a realização, aos
efeitos especiais, passando pelo trabalho de fotografia. O DVD que tenho em
mãos foi editado pela Devils Den e distribuído pela Wild Eye. O filme apresenta-se no formato original de 1:33:1 e, embora a imagem se apresente
com alguns problemas de pixelização, a película foi transferida dos originais 35mm
para este formato digital e apresenta-se em boas condições. Não só a imagem
como também a faixa áudio.
Quanto aos extras incluídos no DVD, poderiam ser mais, mas o par de
entrevistas com o produtor Timothy Green Beckley (em vídeo) e a actriz
Esmeralda (em áudio, apoiado por passagens vídeo do filme) são bemvindas.
Para os amantes do hardcore dos 80s? Talvez. Apreciadores de terror? Talvez,
sim. Fanáticos de películas surreais? Hum… também. “Driller: A Sexual Thriller”
tem um pouco de tudo. E recomenda-se vivamente. Principalmente agora disponível
em formato digital.
Neo-exploitation é o que se nos
apresenta em “The Disco Exorcist”. O título é simples e esclarece na perfeição
o conteúdo da película. Estamos na década de 70, no auge da música Disco e Rex
Romanski, uma das personagens principais, é um frequentador da noite,
borguista, pretendido pelas mulheres e que, infelizmente para ele, acaba por se
envolver com a mulher errada. Trata-se de Rita Marie, uma sacerdotisa de magia
negra, que leva a peito o facto de Rex a ter usado e largado logo a seguir. Já
imaginamos, com base nesta descrição e no título, o que se segue. Uma mistura
de terror, humor e sleaze nas devidas medidas.
Há um cuidado notório na forma
como tudo foi feito, e nota-se que estamos a lidar com fãs do género. O trabalho
de realização, não sendo exemplar ou ousado, apresenta boas ideias e provas mais
do que suficientes de que quem está por detrás da câmara (Richard Griffin) sabe
o que quer fazer, e como o conseguir.
A banda sonora é que poderia
estar mais adequada pois, apesar de se basear na já referida corrente musical,
tem um feeling algo moderno que acaba por se desenquadrar. Já os trabalhos de
sonorização e fotografia são muito bons, e perfeitos para o estilo. Os efeitos
especiais também têm o seu quê de apetecível com algumas cenas de gore bem
conseguidas, tendo em conta o baixo orçamento. É nisto que “The Disco Exorcist”
se destaca de tantos outros filmes de Neo-exploitation lançados hoje em dia. O cuidado
nos diversos aspectos que fazem um filme.
“The Disco Exorcist” tem aquele ambiente
retro, 70s exploitation, tanto no conceito, como na própria fotografia, e até
nas próprias interpretações do elenco (leia-se: falta de talento na representação).
E isso é mau? Não. Quem procura este tipo de filmes, já sabe o que vai ver. E é
isto mesmo que quer encontrar. Agora, se procuram uma obra-prima do cinema
moderno, esqueçam que isto não é para vocês. “The Disco Exorcist” é, acima de
tudo, um tributo aos filmes de baixo orçamento da década de 70.
A edição da Wild Eye em DVD é
região 0, em NTSC, e inclui como extras (poucos para satisfazer o comprador) um
comentário áudio do realizador e teasers / trailers do filme e do catálogo Wild Eye.
Quatro amigos vão acampar e,
aquilo que à partida seria uma viagem de diversão, sexo e drogas, acaba por se
tornar em algo bem diferente. Após tomar LSD, Nancy (sim, eu sei, é nome de
mulher, mas trata-se de um rapaz), começa a caçar os outros três, pois a droga leva-o
a acreditar que consegue ver a verdadeira “persona” dos amigos. Uma misteriosa
e sinistra corporação começa a centrar a sua atenção no rapaz e na sua recente habilidade.
O filme começa mal, de forma
lenta, levando a crer que se trata de mais um “slasher” inconsequente, com um grupo
de amigos a serem chacinados um a um por um psicopata. Felizmente, a meio
começam a surgir reviravoltas, novas ideias a explorar, e um ambiente mais bizarro
e surreal. No entanto, são tantas as ideias que querem meter ao barulho que
acabam por não ser bem exploradas e executadas. A fusão de estilos é bem-vinda
(as influências chovem de todo o lado, desde “Evil Dead” de Sam Raimi, a Cronenberg,
passando até por Tarantino), se for bem-feita, mas em “Dropping Evil” nota-se o
amadorismo do argumentista Louis Doerge. E não ajuda nada neste tipo de filmes
o facto de o elenco ser, invariavelmente, constituído por amadores que não
conseguem transmitir o que de bom o argumento tem, ou possa ter. Quanto ao realizador,
Adam Protextor, ainda tem um bom caminho a percorrer, pois a maior parte dos
seus planos são mal enquadrados e o seu trabalho é abaixo da média, mas apesar
disso, tem os seus pontos altos, e este até consegue experimentar um pouco e
ser bem-sucedido. O facto de algumas cenas serem em branco e preto pode
parecer, à primeira, uma opção avant-garde, mas são tão aleatórias que acabam
por perder o significado. Os efeitos especiais são medianos, o que é natural,
tendo em conta o baixo orçamento deste tipo de filmes, mas algumas cenas são “agradáveis”
de se ver.
No final, muitas perguntas ficam
por responder mas, felizmente, temos direito a 3 sequelas de cerca de 20 minutos
cada, onde são melhor exploradas algumas das personagens e se dão respostas
mais ou menos satisfatórias ao enredo criado no filme principal. Temos até
direito a uma participação especial de Fred Williamson.
Longe de ser uma obra-prima,
longe de ser algo de novo ou revolucionário, “Dropping Evil” consegue ter os
seus pontos de interesse. Os fãs de cinema indie, terror ou bizarro, podem
experimentar. Os que procuram algo mais, digamos, certinho conforme as linhas
traçadas por Hollywood, fiquem bem longe.
Quanto à edição em DVD pela Wild Eye, esta é região 0, em NTSC,
e inclui como extras, além das já referidas sequelas em curta-metragem, outras
curtas, trailers diversos, clipes musicais e cenas não usadas no filme.
Reinterpretação do clássico de George Romero através de uma colaboração
de cerca de 150 colaboradores. Cada pessoa escolheu a sua cena preferida e todo
o filme foi recriado através das mais variadas opções estilísticas, desde
animação gerada por computador, passando por “claymation”, “stop-motion” ou teatro
de marionetas, até abordagens como sequências de pinturas a óleo ou ilustrações.
A este “mash-up” sobrepôs-se a faixa áudio original. A ideia é muito boa, mas o
resultado não é de todo o melhor, sendo demasiado heterogéneo para o seu
próprio bem. Alguns segmentos estão muito bem conseguidos, enquanto outros são
demasiado simplistas e até infantis e, a meio do vídeo, começa a cansar um pouco
tanta mudança de estilo. No entanto, a ideia é mesmo essa, a de um tributo a
este clássico do cinema de terror pelas mãos de fãs.
São 101 minutos de filme em tela cheia de 1.33:1, mantendo a
imagem a branco e preto como no original. O lançamento em DVD pela Wild Eye, através da Creative Commons, é região 0, em formato
NTSC. Ao filme principal juntam-se quase 2 horas de extras, entre os quais uma
introdução por Count Gore De Vol, comentário áudio de Jonathan Maberry, cena
alternativas não usadas no filme, trailers diversos, “making of” diversos, e
mais.
Apesar de alguns contras, “Night Of The Living Dead Reanimated” tem os seus prós que balançam a equação, e é com base nestes que aconselho o visionamento deste tributo. No entanto, uma vez será mais que suficiente, pois o filme não se resta a posteriores visionamentos.
O Spaghetti Western é um subgénero de westerns que
surgiu a meados da década de 60 na Itália, após o declínio das películas
Peplum, pelas mãos de produtores e realizadores Italianos. Tal como o Peplum
era a contraproposta para os épicos norte-americanos, também o spaghetti
western o era para os westerns de origem nos USA.
O termo surgiu inicialmente com um teor derrogatório,
mas acabou por se tornar descritivo. A denominação usada no país de origem era
“western all’italiana”. O termo Eurowesterns também surgiu para descrever
filmes produzidos no resto da Europa, tal como os Winnetou Alemães ou os Ostern
Westerns da União Soviética e países do Leste.
A maioria dos filmes era composta por um elenco
multilingue, fazendo com que não tivesse uma língua predominante, sendo o som posteriormente
sincronizado, em várias línguas, conforme o país de comercialização. Também a
equipa técnica era, invariavelmente, multinacional.
Não há um verdadeiro consenso sobre qual foi o
primeiro spaghetti western, mas no ano de 1964 deu-se o “boom” do género com
quase 3 dezenas de produções entre a Itália e a Espanha. O filme de maior
relevo nesta explosão é, sem dúvida, “A Fistful of Dollars” de Sergio Leone,
com Clint Eastwood encarnando o mítico “man with no name” (homem sem nome) que
viria a protagonizar mais dois filmes na trilogia dos dólares deste realizador.
A inovação em termos cinemáticos, banda sonora (cortesia de Ennio Morricone),
argumento e performance viria a tornar-se o modelo para o que se seguiria.
Na primeira metade da década de 70, o género já
estava a cair em saturação e a tonalidade mais negra, violenta e densa dos
primeiros spaghetti westerns teve de sofrer uma mutação para contornos mais
ligeiros e humorísticos.
Já mais perto da década de 80, o género estava em
declínio e nem mesmo a tentativa de regresso à fórmula inicial o salvou da
extinção.
Mais de 600 filmes foram produzidos entre 1960 e
1980. Na segunda metade desta apresentação poderão ver os mais essenciais, que
se tornaram objecto de culto e influenciaram muitos dos grandes nomes do cinema
actual, inclusive de Hollywood.
Dos grandes nomes no género podemos destacar (sem
qualquer tipo de ordem):
Não referi muitos títulos nesta breve explicação do
género, pois apresento agora uma lista daqueles que considero de relevo,
abrangendo as diversas fases. É difícil escolher apenas 10 títulos, por isso,
fiz a lista deste modo:
5 Essenciais (se quiserem entrar neste universo,
estes são os que têm de ver primeiro);
10 Clássicos (Gostaram dos anteriores? Aqui estão
outros 10 para explorar melhor o género);
5 Muito bons (Ficaram viciados! Estes são os que se
seguem. Divirtam-se!).
ESSENCIAIS
01 – The Good,
The Bad & The Ugly (Sergio Leone, 1966) – A terceira entrada na
trilogia dos dólares de Leone. Tudo é perfeito, desde a realização soberba de
Leone, passando pela actuação do trio Eastwood (Blondie ou “man with no name”),
Van Cleef (Angel Eyes) e Wallach (Tuco), até à perfeita banda sonora de Ennio
Morricone (o filme não teria atingido a perfeição sem a simbiose com a música
do maestro). O "trielo" final é uma das melhores cenas de sempre do cinema mundial. Não só o melhor spaghetti western, como também um dos melhores
filmes de sempre.
02 – Django (Sergio Corbucci, 1966)
– A violência no género é dado adquirido, no entanto, Corbucci levou-a ao
extremo neste clássico protagonizado por Franco Nero. Não só e um filme
violento como também negro e denso. Tal como no anterior título, tudo em Django
é irrepreensível. E tal como em “The Good, The Bad & The Ugly”, o tema
título (Luis Enriquez Bacalov) é um dos mais facilmente reconhecíveis de todo o
género. O nome Django passaria a ser usado repetidamente no género, embora
apenas tenha existido uma verdadeira sequela (“Django 2: Il Grande Ritorno”),
já em 1987. Inclusive o Japonês Takashi Miike (“Sukiyaki Western
Django”) e Tarantino (“Django Unchained”) já
fizeram a sua homenagem.
03 – Once Upon A
Time In The West (Sergio Leone, 1968) – Mais uma entrada de Leone nesta
lista principal. Um épico que atinge a marca dos 165 minutos (dependendo da
versão) e que conta com a performance de Henry Fonda, Charles Bronson e Claudia
Cardinale, entre outros. Leone leva ao extremo tudo o que havia experimentado
na sua trilogia dos dólares (principalmente no número um desta lista).
Condimentado com mais uma irrepreensível banda sonora de Morricone. A salientar
a colaboração de um jovem Dario Argento no argumento.
04 – The Big Gundown (Sergio
Solima, 1967) – Lee Van Cleef e Tomas Milian num jogo do gato e do rato com
algumas reviravoltas e que leva, indubitavelmente, a um confronto final. Outro
tema título facilmente reconhecível pelas mãos de Morricone.
05 – The Great Silence (Sergio
Corbucci, 1968) – Mais um western de atmosfera negra protagonizado por
Jean-Louis Trintignant, como o mudo Silenzio, um anti-herói que enfrenta o
vilão Loco, encarnado por Klaus Kinski, durante a grande nevão de 1899.
CLÁSSICOS (sem ordem
específica, pois esta é perfeitamente discutível)
06 – A Fistful Of Dollars
(Sergio Leone, 1964) – O primeiro da trilogia dos dólares. O filme que deu
início à exploração do género. Eastwood encarna o mítico “man with no name”
pela primeira vez.
07 – For A Few Dollars
More (Sergio Leone, 1965) – Segunda entrada na trilogia de Leone. A
Eastwood junta-se Lee Van Cleef e Gian Maria Volonté.
08 – Compañeros (Sergio
Corbucci, 1970) – Um dos meus favoritos de sempre. Mais ligeiro que os seus
precedentes, já a fazer a transição para os westerns de orientação humorística
dos inícios dos 70s. Mas não é por isso que não deve ser levado a sério. As
interpretações de Franco Nero, Tomas Milian e Jack Palance, dirigidas por
Corbucci, com o som de fundo de Morricone (o tema título é um dos meus
favoritos do género) são irrepreensíveis.
09 – The Mercenary
(Sergio Corbucci, 1968) – Um mercenário Polaco (Franco Nero), alia-se a um
insurgente Mexicano (Tony Jusante) aliam-se contra o mercenário (Jack Palance).
Outra banda sonora clássica pelas mãos do maestro Morricone.
10 – Keoma (Enzo Castellari,
1976) – Um dos últimos grandes filmes do género já em 1976, no declínio do
mesmo, com Franco nero no papel principal. Marcou o fim de uma era no cinema
Italiano.
11 – A Bullet For The
General (Damiano Damiani, 1966) – Gian Maria Volonté é El Chuncho é
contratado para matar um líder da revolução Mexicana.
12 – Run, Man, Run! (Sergio
Sollima, 1968) – Sequela para “The Big Gundown”. Tomas Milian volta como Cuchillo, o revolucionário Mexicano.
13 – Face To Face (Sergio
Sollima, 1967) – Gian Maria Volonté e Tomas Milian num filme que retracta o
impacto da violência nas personagens e as transformações que estas sofrem (em
especial a transformação da personagem de Volonté).
14 – They Call Me Trinity
(Enzo Barboni, 1970) – Poucos spaghetti de orientação humorística foram
produzidos, mas este será com certeza um dos melhores. A coleaboração Terence
Hill / Bud Spencer, que se tornou duradoura, para além dos spaghetti, tornou-se
influência nos spaghetti westerns humorísticos que se seguiram.~
15 – Death Rides A Horse
(Gulio Petroni, 1967) – Temas típicos no género: relação mentor / protegido e vingança.
Lee Van Cleef é o mentor e John Phillip Law o protegido que quer vingar o
assassinato dos seus pais.
MUITO BONS
16 – A Fistful Of Dynamite
(Sergio Leone, 1971) – Mais uma na revolução Mexicana. James Coburn é um
ex-agente da IRA e Rod Steiger é um bandido Mexicano.
17 – A Pistol For Ringo
(Duccio Tessari, 1965) – Os temas principais do género pouco fogem do estabelecido
e, neste caso, é isso mesmo que temos. Um pistoleiro mata 4 homens em defesa
própria, mas é encarcerado na mesma. Depois de um assalto ao banco local, os
assaltantes refugiam-se num rancho próximo. O xerife tem receio de intervir
pois a sua noiva está entre os reféns. Quem é que o poderá ajudar? O nosso
herói irá infiltrar-se no gangue.
18 – Four Of The
Apocalypse (Lucio Fulci, 1975) – Fulci é imediatamente reconhecido pelo seu
trabalho no cinema de terror, mas antes disso foi responsável, já no declínio
do género, por este violento spaghetti western que sobressai dos seus pares da
mesma época.
19 – The Stranger
And The Gunfighter (Antonio Margheriti, 1974) – Alguns questionarão a
inclusão deste título na lista, mas está aqui pelo motivo maior de dar a
conhecer a colaboração com a Shaw
Bros, produtora de Hong Kong, notória pelos filmes de artes marciais (e que
também chegou a fazer uma colaboração com a Britânica Hammer). Um instrutor de
artes marciais (Lieh Lo) tem de recuperar um tesouro (as habituais questões de
honra familiares) e um pistoleiro (Lee Van Cleef) irá ajuda-lo.
20 – Tepepa (Giulio Petroni, 1969) –
Um médico Britânico interfere na disputa entre o guerrilheiro Mexicano Tepapa
(Tomas Milian) e o Coronel Cascorro (Orson Welles).
Críticas e sugestões desse lado?
No
próximo capítulo desta série devo “dar umas facadas” no Giallo!
Pet Sematary (1989) http://en.wikipedia.org/wiki/Pet_Sematary_(film) http://www.imdb.com/title/tt0098084/ Outro filme que fez parte da minha adolescência. Stephen King escreveu a novela e também o argumento para este filme. Sinceramente, acho as histórias de Stephen King, e os filmes que nelas são baseados, extremamente aborrecidos. Este deve ser o único que eu gosto. E muito. Os Creed acabam de se mudar para a pequena cidade. O único problema é que a casa está localizada perto de uma auto-estrada muito usada por camiões que passam a altas velocidades. O gato da família é atropelado. Jud, um vizinho, mostra a Louis, o pai, um cemitério de animais de estimação que há ali perto. Um pouco mais acima há um antigo cemitério índio. Louis enterra o gato nesse cemitério e o gato acaba por regressar à vida. Mas este não é o mesmo. Pouco tempo depois, o filho também é atropelado na mesma estrada. Desesperado, Louis enterra o garoto no maldito cemitério. Este regressa à vida, mas com uma personalidade malévola e tendências homicidas. A ideia base do conto é fabulosa e a maneira como foi transposta para filme é perfeita. Há algumas falhas, o elenco não é composto pelos melhores actores/actrizes, mas penso que isso apenas atribui ao filme um certo ar de série B que lhe assenta bem. O garoto é, sem dúvida alguma, um dos melhores actores do filme. Basta apenas estar atento à mudança de personalidade após o fatídico acidente. Verdadeiramente assustador. E a cena final entre o garoto e o pai é inquietante. E a “cereja no topo do bolo”, o tema título “Pet Sematary” pelos Ramones que acabou por se tornar, também ela, um clássico. Um filme de culto do cinema de terror da década de 80 que eu aconselho a todos os amantes do género (se é que ainda não o viram, “shame on you”). Há ainda uma sequela de 1992 que não é tão boa como o original. E fala-se também num “remake” em 2010 (esses malditos “remakes”!). 95% RDS
Recuperação para DVD de um dos inúmeros filmes de sexploitation dos 70s? Não. Assim parece. É uma sátira a esses mesmos filmes de finais da década de 60 / inícios dos 70s, antes da era dourada do material mais explícito. “Viva” conta a história de uma esposa dos subúrbios, Barbi, que é abandonada pelo marido, e inicia uma viagem pelos meandros da revolução sexual da década de 70. Hippies apologistas da liberdade sexual, prostituição, bisexualidade, boémia, mundo da moda, etc. Baseada numa carta enviada à Penthouse em 1969 e escrita / realizada por Anna Biller, esta película tem uma argumento simples, más actuações, penteados foleiríssimos, uma banda sonora “kitsch” a condizer e muita nudez. Querem melhor? Este é apenas para fãs de sexploitation e grindhouse, aviso desde já. Além do filme, aqui apresentado na sua versão “unrated”, temos poucos extras, mas mesmo assim bem-vindos, tais como “behind-the-scenes”, trailer original e um slideshow (adivinhem, com mais nudez). Mais uma edição Cult Epics aconselhada a fãs deste tipo de material. 80% RDS
O Professor Henry Jarrod (Vincent Price) é um escultor de figures de cera. O museu que este possui não é muito popular e está dar prejuízo. O seu sócio propõe-lhe então deitar fogo ao mesmo para receber o dinheiro do seguro. O Prof. Jarrod fica indignado com a proposta mas o seu sócio inicia o fogo na mesma e os dois começam a lutar enquanto o local começa a arder. O Prof. é deixado inconsciente no meio das chamas, abandonado à sua sorte. O sócio recebe o dinheiro do seguro, enquanto que o Prof. é tido como morto. Mas este reaparece anos mais tarde, com um novo museu e dois assistentes. A abertura do museu coincide com o desaparecimento de várias pessoas na cidade. Este exibe reconstruções de cenários macabros e as esculturas parecem reais. Mas o novo assistente, um promissor jovem escultor, começa a desconfiar do seu novo mestre. Este filme, já por si, um “remake” de “Mystery of The Wax Musem” (1933), foi alvo de uma adaptação livre em 2005 que, sinceramente, deixou muito a desejar. Quando há dias escolhi este clássico para fazer o meu serão, pensei que o iria estar a rever, pois lembrava-me de algo do género. Mas não foi assim, pois o que eu vi há uns anos atrás seguia uma história similar à do “remake” de 2005, enveredando por uma linha “slasher”. Um grupo de amigos em viagem perde-se e vai parar a uma vila que tem um museu de cera. Um a um estes vão desaparecendo e estátuas parecidas aos mesmos aparecem em exposição. Não consigo encontrar referências em lado algum a essa adaptação. Ajudas são bem-vindas. Quanto a esta adaptação de 1953 (há uma versão "normal", a qual eu vi, e uma versão em 3D), um verdadeiro clássico do cinema de suspense com aquela que é, na minha modesta opinião, uma das melhores performances do grande Vincent Price (se é que ele alguma vez teve uma má performance). Aconselho vivamente a fãs de Vincent Price, filmes de suspense / terror da década de 50 e suspense no geral. 100% RDS - IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0045888/ Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/House_of_Wax_(1953_movie) -
O dono de uma loja de bebidas encontra na cave uma velha caixa de “Viper” que deve ter mais de 60 anos. Este decide fazer uns trocos com o achado e vende a estranha bebida a 1 dólar a garrafa. Os desalojados da área compram a bebida porque é mais barata que o habitual álcool. Mas esta faz com que a pessoa comece a derreter descontroladamente numa miríade de cores. Entretanto um detective começa a investigar para encontrar a causa das mortes. Juntem a isto várias personagens caricatas, um veterano do Vietnam que manda na sucata da rua, prostitutas, o jogo da apanhada com um pénis cortado, etc. A premissa é simples e não há história, desenvolvimento ou final muito elaborados; o ambiente do filme é tipicamente série B; o humor negro marca forte presença; os efeitos especiais são baratos; a banda sonora tipicamente 80s é do tipo brincadeira de amigos após ingestão de substâncias ilícitas. E isto é tudo mau? Muito pelo contrário, isto é que faz o filme. Querem uma obra-prima? Não a vão encontrar aqui. Isto é série B, puro divertimento e nada mais. Já vi melhor, mas “Street Trash” é óptimo para uma 6ª feira à noite antes de ir para os copos com os amigos. Ajuda a criar boa disposição. Mas apenas para quem gosta do género. Esses, tal como eu, vão ter direito a um festim cinematográfico. Todos os demais procurem o mais recente “blockbuster” no videoclube perto de casa. 70% RDS - IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0094057/ Wikipedia:http://en.wikipedia.org/wiki/Street_Trash -
Mais uma edição da Cult Epics (com parceria da AgitPop Media) integrada na “The Rene Daalder Collection”. “Here Is Always Somewhere Else” é um documentário sobre a vida do enigmático artista Holandês / Californiano Bas Jan Ader (1942-1975) escrito e realizado por Rene Daalder. Em cerca de 103 minutos, Daalder percorre a vida e obra deste peculiar artista que perdeu a vida numa das suas filmagens (das quais era protagonista). Ao documentário principal juntam-se ainda um par de extras e o trailer. Além disso, pela primeira vez a obra do malogrado performer está disponível na íntegra pois, além do documentário, inclui-se um segundo disco com todas as suas curtas cinematográficas. São “apenas” 41 minutos, divididos por 7 curtas, plenas de vanguardismo mas que valem pela sua pertinência e valor artístico. Recomendo a mentes abertas a este tipo de arte alternativa. 80% RDS
“Population: 1” é um musical de contornos new wave / punk / anarquista datado de 1986, escrito e realizado por Rene Daalder e protagonizado por Tomata duPlenty (vocalista dos LA electro-punks The Screamers) e Sheela Edwards. Tomata é o único sobrevivente de um holocausto nuclear e vive sozinho num “bunker”. Ao longo de uma hora, este narra a história dos USA de um ponto de vista pessoal, distorcido, e de uma maneira algo anárquica, mas com muitas intervenções socio-políticas. Intercalando o monólogo de Tomata com passagens musicais New Wave que são autênticos promovídeos, vamos ouvindo a sua vida, a sua relação com a sua amada (Sheela) e um bizarro resumo da outrora grande civilização que foi USA. Além do já falecido músico (personagem principal) e Sheela Edwards, “Population: 1” conta com a participação de membros de Los Lobos, Beck (com 12 anos de idade) e o seu avô Al Hansen (músico da Fluxus), Vampira (Maila Nurni), Penelope Houston, El Duce, entre outros.
Em 2008, através da Norte-Americana Cult Epics e com parceria da AgitPop Media, este filme vê edição em DVD duplo com inúmeros extras. Faz parte da “The Rene Daalder Collection” e inclui, além da versão restaurada “Director’s Cut” do filme, trailers, 40 minutos ao vivo e um promovideo dos The Screamers, cenas de “Mensch” (a prequela de “Population: 1”), uma entrevista com Rene Daalder, gravações raras de Al Hansen, uma entrevista com Vampira, entre outros documentários e material musical. Ao todo são cerca de 3h30m de pérolas vídeo e áudio. É, portanto, como habitual nas edições da Cult Epics, uma edição de luxo na qual se emprega bem o nosso rico dinheirinho. 85% RDS