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02/11/10

L’Urlo / The Howl (Movie,1969 / DVD,2009) – Cult Epics

Finalmente uma edição digna de “L’Urlo”, um dos filmes da fase pre-erotica de Tinto Brass. Segundo reza a lenda, este foi convidado a realizar “A Clockwork Orange” mas preferiu trabalhar neste. A ser verdade, não sei se fez a melhor escolha. Mas voltando a “L’Urlo”, este data de 1969 e é um filme estranhíssimo, psicadélico, surreal, anarquista até. Algum do erotismo que mais tarde fez o nome de Brass também se encontra por aqui em pequenas doses. Uma jovem noiva foge do seu casamento com um perfeito desconhecido, encontrando na sua jornada animais e objectos inanimados que falam, passam por um hotel psicadélico, instigam um motim numa prisão, fogem de canibais e ainda lutam contra um anão ditador. Não é um filme para qualquer pessoa., lá isso é verdade. A edição da Cult Epics apresenta o filme na sua versão “director’s cut”, à qual junta um comentário áudio de Tinto Brass e alguns trailers. Apenas para fanáticos deste tipo de extravagâncias cinematográficas. Os outros fiquem bem longe! 85%
RDS

18/11/08

Population: 1 (1986) (Cult Epics / AgitPop Media, DVD, 2008)

“Population: 1” é um musical de contornos new wave / punk / anarquista datado de 1986, escrito e realizado por Rene Daalder e protagonizado por Tomata duPlenty (vocalista dos LA electro-punks The Screamers) e Sheela Edwards. Tomata é o único sobrevivente de um holocausto nuclear e vive sozinho num “bunker”. Ao longo de uma hora, este narra a história dos USA de um ponto de vista pessoal, distorcido, e de uma maneira algo anárquica, mas com muitas intervenções socio-políticas. Intercalando o monólogo de Tomata com passagens musicais New Wave que são autênticos promovídeos, vamos ouvindo a sua vida, a sua relação com a sua amada (Sheela) e um bizarro resumo da outrora grande civilização que foi USA. Além do já falecido músico (personagem principal) e Sheela Edwards, “Population: 1” conta com a participação de membros de Los Lobos, Beck (com 12 anos de idade) e o seu avô Al Hansen (músico da Fluxus), Vampira (Maila Nurni), Penelope Houston, El Duce, entre outros.
Em 2008, através da Norte-Americana Cult Epics e com parceria da AgitPop Media, este filme vê edição em DVD duplo com inúmeros extras. Faz parte da “The Rene Daalder Collection” e inclui, além da versão restaurada “Director’s Cut” do filme, trailers, 40 minutos ao vivo e um promovideo dos The Screamers, cenas de “Mensch” (a prequela de “Population: 1”), uma entrevista com Rene Daalder, gravações raras de Al Hansen, uma entrevista com Vampira, entre outros documentários e material musical. Ao todo são cerca de 3h30m de pérolas vídeo e áudio. É, portanto, como habitual nas edições da Cult Epics, uma edição de luxo na qual se emprega bem o nosso rico dinheirinho. 85%
RDS

Cult Epics:
http://www.cultepics.com/
Official Website: http://www.population1movie.com/
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0091781/

-
Population: 1 - Trailer

29/10/08

Masters Of Horror (2005)

Já aqui falei nesta série de TV Norte-Americana, a propósito de “Imprint” do Japonês Takashi Miike. Esse episódio levou-me a ir procurar a série na sua totalidade. Neste momento estou a visualizar a primeira temporada e, para já, deparei-me com um episódio fraquito, um assim-assim e dois fantásticos. Mas vamos aos poucos e, numa primeira descrição, retrato a série em si. Mick Garris criou a série “Masters Of Horror” para o canal de TV por cabo Norte-Americano Showtime. Duas temporadas, de 13 episódios cada, foram produzidas e exibidas. Cada episódio foi realizado por um nome sonante do cinema de terror / suspense. Depois desta série, outra no mesmo formato, mas na área da ficção científica teve lugar: “Masters Of Science Fiction”. Foram apenas 6 episódios (dois deles não foram exibidos). “Fear Itself”, também na linha de terror, teve estreia no Verão de 2008. “Masters Of Italian Horror” (esta promete) está em fase de produção.
Abaixo descrevo os 4 episódios que já tive a oportunidade de ver. RDS
Website Oficial: http://www.mastersofhorror.net/
Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Masters_of_Horror
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0448190

EP01 - “Incident On And Off A Mountain Road” (Don Coscarelli; série “Phantasm”, “The Beatmaster”, “Bubba Ho-Tep”):Enquanto conduz de noite, numa estrada solitária, pelo meio das montanhas, Ellen distrai-se com o auto-rádio e embate num carro estacionado. Esta procura ajuda porque o seu carro não pega de novo. Infelizmente, depara-se com Moonface, um enorme homem desfigurado que colecciona corpos humanos, a puxar o corpo de uma jovem. Ellen é raptada por Moonface, mas consegue escapar e retaliar contra o monstruoso psicopata.
Esta história é-vos conhecida? Pois claro, esta narrativa apresenta quase todos os “slashers” Norte-Americanos que foram feitos desde a década de 70 até aos nossos dias. Está bem feito, mas é demasiado cliché para o seu bem. O acidente de carro na montanha / floresta, o psicopata deformado, o desespero e luta da(s) pessoa(s) raptada(s) para conseguir fugir. Passo a passo, peça a peça, Don Coscarelli reconstrói o tipico “slasher” “made-in-USA”. Apenas para os fãs “diehard” do género. 55%
Wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Incident_On_and_Off_a_Mountain_Road
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0643107/
Don Coscarelli (Wikipedia): http://en.wikipedia.org/wiki/Don_Coscarelli
Don Coscarelli (IMDB): http://www.imdb.com/name/nm0181741/




EP02 – “H. P. Lovecraft's Dreams In The Witch-House” (Stuart Gordon; “Re-Animator”, “The Beyond”):
O estudante Walter Gilman aluga um quarto numa verdadeira pocilga. Este está a escrever a sua tese de graduação sobre dimensões paralelas e outros pressupostos metafísicos. Mas o quarto onde este dorme está, supostamente, amaldiçoado. Noite após noite, este começa a ter sonhos bizarros com um rato com cara humana, uma bruxa demoníaca e uma porta para outra dimensão. A bruxa pede-lhe para este praticar um ritual ocultista e sacrificar um bebé. A vizinha do quarto ao lado, com quem Walter está a começar a ter uma boa relação, é mãe solteira e tem um filho bebé. Walter começa a definhar e a certo ponto já não sabe qual é a realidade e a fantasia.
Quando pensei que a série iria enveredar pelos mesmos caminhos do 1º episódio, eis que me surge esta obra-prima baseada numa obra do genial Lovecraft e realizada por Stuart Gordon. Bizarro, psicadélico a momentos, perturbador, genial. Uma excelente adaptação do mundo bizarro de Lovecraft e, quem já leu algumas das suas obras, irá com certeza concordar comigo. Muito bom. Fez-me continuar a ver a série. 90%
Wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/H._P._Lovecraft%27s_Dreams_in_the_Witch-House
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0643104/
Stuart Gordon (Wikipedia): http://en.wikipedia.org/wiki/Stuart_Gordon
Stuart Gordon (IMDB): http://www.imdb.com/name/nm0002340/
EP03 – “Dance Of The Dead” (Tobe Hooper; “The Texas Chainsaw Masacre”, “Poltergeist”, “The Mangler”):
Encontramo-nos nuns USA pós-apocalípticos. A população foi dizimada por um ataque nuclear terrorista. A maior parte dos seres humanos ficou desfigurada, com a carne putrefacta. A sociedade está num estado de caos permanente. Uma jovem chamada Peggy vive com a sua mãe, dona de um snack-bar. Peggy envolve-se com um jovem motociclista viciado em drogas e o seu grupo de amigos. Contra os protestos da mãe, esta vai com o grupo para o seu local de eleição, um clube nocturno chamado Dorm Room. Ali, o mestre-de-cerimónias (o grande Robert “Nightmare On Elm Street” Englund) apresenta um mórbido espectáculo em que corpos reavivados por intermédio descargas eléctricas e injecções de drogas experimentais têm espasmos a que chamam “dança da morte”. Peggy vai reconhecer uma das pessoas em palco e, consequentemente, vai ficar a conhecer um segredo nada agradável.
Não é uma história originalíssima mas está bem feita e convence. Se estivéssemos a falar de um filme de longa duração, a coisa poderia ser melhor explorada, ou então, arrastar-se-ia demais para o seu próprio bem. Para media metragem, está muito bem e cumpre o seu papel. E uma participação de Robert Englund dá sempre aquele toque de bizarria e esquisitice que agrada aos fãs de terror. A banda sonora é da responsabilidade de Billy Corgan (Smashing Pumpkins) e é o melhorzito que este senhor fez desde a dissolução dos Pumpkins. Gostei mas não penso que vá ver de novo num futuro próximo. 70%
Wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Dance_of_the_Dead_(Masters_of_Horror_episode)
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0643102/
Tobe Hooper (Wikipedia): http://en.wikipedia.org/wiki/Tobe_Hooper
Tobe Hooper (IMDB): http://www.imdb.com/name/nm0001361/


EP04 – “Jenifer” (Dario Argento; “Profondo Rosso”, “Suspiria”, “Phenomena”):Dois polícias dentro do carro patrulha, estacionado num local afastado, apreciam o seu almoço. O Detective Frank Spivey sai do carro para fumar um cigarro e vê um homem a arrastar uma jovem. Frank chega mesmo a tempo de impedir o homem de cortar a cabeça da jovem com um cutelo, alvejando o homem mortalmente. Mas antes de morrer, este ainda consegue dizer: “Jenifer”. Este tenta a ajudar a rapariga a levantar-se e repara que esta está terrivelmente desfigurada na face, não fala, e tem um certo atraso mental. Jenifer vai para um hospital psiquiátrico mas o detective tem pena dela e leva-a para casa, mesmo contra a vontade da sua esposa. Depois de Jenifer matar e comer o cão da família, a esposa de Frank sai de casa com o filho. Frank começa a ficar obcecado com a rapariga de uma forma pouco saudável. A relação torna-se física. Até que algo de mais grave acontece. Este foge com a rapariga para uma cabana nas montanhas. Mas as coisas não vão acalmar.
A maior parte das críticas que li sobre esta primeira participação do mestre Argento na série não foram muito favoráveis. Não sei porquê. Este é o melhor episódio que vi até agora. Intenso, perturbador (Jenifer é verdadeiramente perturbadora, excelente caracterização), pleno de suspense (Argento é exímio em criar ambiente pesados), muito Gore (é até demasiado Gore para o habitual de Argento, não que eu me esteja a queixar, mas não é o estilo do mestre Italiano). E a cereja no cimo do bolo é mesmo a banda sonora de Claudio Simonetti (ex-Goblin), colaborador assíduo de Argento. Fantástico. Espero encontrar mais episódios assim. 90%
Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jenifer_(Masters_of_Horror_episode)
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0643108/
Dario Argento (Wikipedia): http://en.wikipedia.org/wiki/Dario_Argento
Dario Argento (IMDB): http://www.imdb.com/name/nm0000783/

03/09/08

Akira Kurosawa’s Dreams (1990)

Este não é propriamente um filme com início, meio e fim, mas sim uma antologia de 8 histórias. Estas histórias são baseadas em sonhos do conceituado realizador Akira Kurosawa e, por essa mesma razão, fragmentadas e incompletas, tal como todos os sonhos do comum mortal. Junto com as breves descrições das curtas-metragens irei referenciar alguns aspectos da cultura, folclore e mitologia Japonesas de modo a se compreender melhor cada uma das peças de “Dreams”. Para não arruinar a visualização desta obra de arte a alguém, caso ainda não a tenha visto, não irei fazer uma narrativa e análise extensa de cada um deles, deixando isso para cada um de vós o fazer. Este é um filme que se tem de ver com alguma paciência, espírito crítico e abertura de mente pois as coisas aqui nem sempre são de fácil assimilação e/ou interpretação.

Umas das maiores dificuldades em ver um filme deste género, ou qualquer outro filme de uma cultura completamente diferente da nossa, são a informação cultural e folclórica contida no mesmo. Pormenores que são muito importantes podem passar-nos ao lado. E quando se fala em cinema japonês, essa vertente é acentuada. O Japão já foi apelidado de “Império dos sinais” devido à riqueza da comunicação não verbal, postura física, símbolos, objectos, palavras ou frases encaixadas num determinado contexto, e até o silêncio.

“Sunshine Through The Rain”: uma mãe diz ao filho para não sair de casa num dia de chuva porque, nesse tipo de clima, as raposas celebram os seus casamentos. Estas não gostam que as suas celebrações sejam observadas por estranhos e, se isso acontecer, estes podem ser alvos de um castigo fatal. A estrita educação Japonesa fica retratada neste conto.
Informação: No folclore Japonês há uma espécie de homens raposa que se apelidam de “kitsune”.

“The Peach Orchard”: o mesmo miúdo do conto anterior encontra os espíritos dos pessegueiros que foram cortados pelos homens. Este mostra arrependimento e as árvores decidem florescer mais uma vez para seu deleite. A preocupação de Kurosawa pela natureza e o meio ambiente. Esta encontra-se patente noutros contos desta antologia.
Informação: No Japão, a 3 de Março, há um festival de bonecas chamado “Hinamatsuri” no qual as bonecas são expostas em vários níveis, sendo a boneca Imperatriz colocada no mais alto nível e daí em diante.

“The Blizzard”: um grupo de montanhistas tenta escapar a uma tempestade e, consequentemente, à morte. O líder encoraja-os a continuar e não desistir. Estes acabam por ser salvos por um espírito. Este conto é dos que mais parece demorar a desenvolver, mas isso faz parte do próprio ambiente da situação, a vã tentativa de continuar a lutar contra a tempestade e o sentimento de desespero de quem vê a morte à sua frente. Este sentimento de vaguear e não se conseguir chegar a lado algum é uma característica de muitos sonhos.
Informação: No folclore nipónico existe o Yuki-onna, o qual é um espírito de alguém que morreu no frio ou na neve. O Yuki-onna revela-se a viajantes que se encontram encurralados em tempestades de neve e usa o seu gélido bafo para os deixar congelados. Estes aparecem frequentemente como belas mulheres de cabelos longos.
A tragédia da 5ª Infantaria do Exército Japonês é sobejamente conhecida pelos Japoneses. Durante uma manobra de treino nas montanhas Hakkoda, no Inverno de 1902, cerca de 200 recrutas morreram quando uma tempestade se abateu sobre eles. Apenas alguns sobreviveram.

“The Tunnel”: um capitão encontra os espíritos dos seus subordinados mortos em combate. Estes pensam que ainda estão vivos. Este é talvez o mais intenso de todos os sonhos e o meu favorito.
Informação: No folclore Japonês, quando alguém morre, um “reikon” (ou alma) deixa o corpo e vai para o mundo dos espíritos. Contudo, quando alguém morre em circunstâncias mais agressivas ou influenciada por emoções fortes, o “reikon” transforma-se num “yurei” e volta para o mundo físico.

“Crows”: um estudante de arte entra num quadro de Vincent Van Gogh (interpretado por Martin Scorsese) e encontra-se com o famoso pintor. Juntos percorrem cenários de alguns dos seus quadros.

“Mount Fuji In Red”:
um acidente numa central nuclear casa o pânico na população que acaba por se suicidar no mar. Mais uma vez a preocupação pela Natureza e, em particular, da ameaça nuclear que sempre pairou sobre o país. Outro dos meus favoritos.

“The Weeping Demon”: aqui retrata-se um mundo apocalíptico pós-catástrofe nuclear. Mutações humanas, animais e vegetais povoam a Terra. Não sobra nada do mundo que se conhecia, não há luz, não há quase sinais de vida e, por falta de comida, os mutantes tornam-se canibais, alimentando-se dos mais velhos e fracos. O mesmo homem do sonho anterior encontra aqui um desses mutantes e ambos têm uma conversa filosófica sobre o assunto. Na sequência do sonho anterior.

“Village Of The Watermills”: Um viajante chega a uma vila onde não há comodidades do mundo moderno, não há electricidade, não há carros, os vilãos são unos com a Natureza. Mais uma conversa de teor filosófico entre o viajante e um senhor idoso que se encontra à beira do rio. Outro dos meus favoritos. A mensagem de conservação da Natureza é mais notória neste segmento. É o finalizar de 2 horas de “sonhar acordado”. O encerrar com “chave de ouro” de “Dreams”.

Como disse anteriormente, esta não é uma película de fácil digestão e o espectador tem de se encontrar no estado de espírito certo. Além disso, não sendo obrigatório diga-se já, ter conhecimento de algumas lendas, mitologia, cultura e história do Japão pode ajudar imenso à compreensão de certas ideias. Qualquer pessoa pode apreciar o filme mas, essas informações e conhecimento geral podem ajudar a uma análise mais cuidada e, consequentemente, absorver tudo na sua plenitude e apreciar melhor esta obra de arte. Recomenda-se vivamente! 95%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0100998/
Akira Kurosawa's Deams - Fanmade Trailer

17/08/08

Satánico Pandemonium / La Sexorcista (1975)

Há já muito tempo que andava para ver este clássico do nunspolitation Mexicano. Já havia lido umas coisas interessantes acerca do filme e, como fã “diehard” de cinema alternativo, uma película destas não me poderia passar ao lado. Já agora deixo uma pequena curiosidade sobre o título (que soa mais “agressivo” do que o filme realmente é): Quentin Tarantino e Robert Rodriguez utilizaram o título “Satánico Pandemonium” para o atribuir como nome artístico à dançarina exótica (Salma Hayek) de “From Dusk Till Dawn”.
A história é simples; a jovem freira Maria (Cecília Pezet) é confrontada com a aparição de Lúcifer (Enrique Rocha) e, a partir daí, começa a ter fantasias sexuais (e a tentar pô-las em pratica) com outras freiras e até um pastor pré-adolescente que vive perto do convento. Maria começa a ter alucinações e visões de serpentes, gatos negros, etc. Isto, aliado à sua tentativa de lutar contra a tentação, conduzem-na a uma espiral descendente que a leva à loucura. Toda a simbologia é demasiado óbvia e, diria até, simplista e “naive”. A maça, a serpente, o gato negro, etc, tudo é demasiado óbvio. Já havia lido que o filme era um pouco parado e tornava-se aborrecido. Tive essa mesma sensação, sem dúvida. O que aqui se passou em cerca de 90 minutos poderia ter sido feito em apenas uma hora, com uma evolução mais rápida das coisas. O final inesperado pode ter diversas interpretações. Eu tenho a minha mas não a vou aqui partilhar, preferindo deixar-vos pensar um pouco, e que tirem vossas próprias conclusões.
Gostei da banda sonora (alguém me ajuda a conseguir isso?), a qual se adapta muito bem ao ambiente do filme, com a sua fusão de cânticos religiosos, temas sinfónicos e sons psicadélicos e perturbadores. Gostei também do trabalho de fotografia com tons e cores quentes e apelativas.
A temática religiosa (não se esqueçam que falamos num país católico extremo como o é o México) aliada a alguma nudez, sexo, pedofilia, etc, causaram algum reboliço na sociedade Mexicana (estamos em meados da década de 70). Hoje em dia este tipo de filmes já não é tão chocante e, além disso, a temática já foi explorada de uma maneira muito melhor (um bom exemplo disso será “The Devil’s Advocate” com Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron). Mesmo assim, vale a pena conferir se são fãs de 70s exploitation / nunsploitation e filmes com temática religiosa. 50%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0070636/

Satánico Pandemonium - Excerto

05/04/08

Jisatsu Saakuru / Suicide Club / Suicide Circle (2002)

Uma estação de metropolitano é palco de um suicídio colectivo. Cinquenta e quatro raparigas, de vários liceus, atiram-se para a linha de comboio no preciso momento em que este está a passar. Mas este não é um caso único. É apenas o início de uma série de suicídios colectivos e individuais. As pessoas (de uma maneira geral adolescentes) começam a agir de uma forma estranha. O detective Kuroda (Ryo Ishibashi) inicia uma investigação que parece não ter fim. Um grupo Pop de pré-adolescentes aparece constantemente na televisão e na rádio. Estarão relacionados? Será uma onda de crimes ou não? Existirá mesmo um “clube de suicídio”?
Segundo sei, o argumentista / realizador Sion Sono é mais conhecido por peças de teatro experimentais algo polémicas. Sono filmou muitas das cenas de “Suicide Club” em sessões de improviso, deixando os actores agir à vontade como se estivessem na vida real. Talvez sejam estes alguns dos motivos que fazem “Suicide Club” tão surreal, estranho, quase psicadélico, com um forte toque avantgarde e “artsy”. Outro motivo de interesse, algo mórbido evidentemente, é que a estação onde decorre a cena inicial existe na realidade e foi já local de variadíssimos suicídios. De tal forma que as autoridades aplicaram uma taxa de suicídio na dita estação para evitar tanto os ditos suicídios como os atrasos dos comboios.
Fiquei algo baralhado ao ver este filme e, mesmo agora, ainda não sei o que pensar. Desiludiu-me de certa maneira. Talvez estivesse à espera de outra coisa completamente diferente. O filme lida com diversos assuntos, desde o suicídio, auto-estima, fama, poder dos “media”, etc. Podem ver no “link” do IMDB do filme diversos comentários, cada um com um ponto de vista completamente diferente. Cada pessoa tem a sua interpretação de “Suicide Club”. Um ponto algo comum e com o qual concordo, é que o filme não pode ser apreciado se não se tiver em conta o factor cultural. O Japão é um país completamente diferente, quase um mundo à parte do resto do planeta. Os conceitos, ideias, e modos de os encarar, de vida, morte, vida após a morte, suicídio, trabalho, pressão do dia-a-dia, cultura ancestral, tudo contribui para uma análise mais elaborada. Percebo algumas coisas, até certo ponto, mas outras escapam-me ou não têm lugar no meu raciocínio ocidental. Como disse, cada pessoa interpreta à sua maneira os diversos temas aqui explorados, por isso, vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões. Mas preparem-se! Não é um filme fácil. Nem a nível visual (muita violência e até algum Gore marcam presença), nem intelectual (a violência e crueza com que assuntos, de certa forma tabu, são retratados). Ficam avisados. Uma coisa é certa: este filme nunca seria feito nos puritanos Estados Unidos. Se querem, e aqui uso o termo anglo-saxónico, “food for thought” (alimento para a mente), então esta é uma boa opção. Eu, pessoalmente, terei de o voltar a ver uma segunda e/ou terceira vez para melhor o assimilar. 70%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0312843/

27/03/08

Jim Henson's Time Piece (1965)

Jim Henson's The Cube (1969) - Excerto 2

Jim Henson's The Cube (1969) - Excerto 1

Jim Henson’s The Cube (1969) & Time Piece (1965)

Não, não estamos a falar do filme Canadiano de suspense / ficção-científica. Este “The Cube” é um telefilme de 1 hora escrito (em parceria com Jerry Juhl) e realizado por Jim Henson (o mesmo de “Muppets Show”) para o programa de NBC “Experiment in Television”. A data de emissão foi 23 de Fevereiro de 1969.
Um homem está preso dentro de um cubo e não sabe como foi lá parar. Durante os cerca de 54 minutos em que decorre o filme, várias pessoas abrem diversas portas e entram no cubo. Depois de interagir com o homem, saem pela mesma porta por onde entraram. Mas quando o nosso herói tenta abrir a porta para sair, esta já não existe. O cubo está novamente fechado. Uma das personagens diz-lhe que ele tem de encontrar a sua própria porta para poder sair. Mas como? Qual é a minha porta? Como a consigo encontrar? São estas algumas das dúvidas do homem. E cada uma das personagens que entra não lhe satisfaz as dúvidas, pelo contrário, ainda o deixam com mais! Questões filosóficas sobre identidade, tempo, realidade, ilusão, entre outras, são debatidas em conjunto com cada um dos visitantes. Será que o “homem no cubo” conseguirá encontrar “a sua porta” e finalmente sair?
Richard Schaal está fantástico no papel do “homem no cubo” e, quanto à realização de Jim Henson, não haja dúvidas, está irrepreensível. O homem era um génio.
Hilariante, desconcertante, surrealista. Uma obra-prima. P.S. O original é a branco e preto, mas eu vi uma cópia a cores. 100%
RDS

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0291118/

A par com este telefilme tive ainda a oportunidade de ver “Time Piece”, uma curta-metragem de 9 minutos datada de 1965, escrita, realizada e protagonizada pelo próprio Jim Henson. Experimental, surrealista, musical, poética até. “Time Piece” é uma espécie de videoclip musical que lida com o assunto do tempo em várias vertentes tais como: o tempo como conceito filosófico, deslocação no tempo e a escravização do homem ao mesmo. Mais uma vez, o homem era um génio! 100%
RDS

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0059807/

[Escrito ao som de Yoshida Tatsuya / Satoko Fukii “Erans” (Tzadik 2004)]

22/03/08

Willy Wonka & The Chocolate Factory (1971) & Charlie And The Chocolate Factory (2005)

Willy Wonka & The Chocolate Factory (1971)
Baseado no seu próprio livro, Roald Dahl escreveu o argumento para este fantástico filme, realizado por Mel Stuart e protagonizado pelo grande Gene Wilder (Willy Wonka) e Peter Ostrum (Charlie).
Willy Wonka, o excêntrico dono de uma fábrica de chocolate, anuncia um passatempo no qual o prémio é uma visita guiada pela fábrica pelo próprio Wonka, onde poderão ficar a conhecer os segredos da mesma, assim como um fornecimento vitalício de chocolate. Quem encontrar um dos cinco bilhetes dourados escondidos nas barras de chocolate, será contemplado com o prémio. Charlie é um miúdo que sonha com encontrar um dos bilhetes mas, como a sua família é tão pobre, mal tem dinheiro para uma barra, quanto mais para várias, para poder encontrar o bilhete. Mas a sorte bate-lhe à porta quando encontra uma moeda e compra uma das barras premiadas. Junto com outros 4 miúdos insuportáveis, e respectivos acompanhantes, Charlie embarca numa experiência única. Mas o propósito de Willy Wonka é outro. Se ainda não viram o filme, não vos vou estragar a surpresa.
Uma fantasia multicolor, plena de aventura, com seres estranhos vindos de outras paragens (os Oompa Loompa), sinistra por momentos (Gene Wilder está fantástico como o excêntrico e sinistro Willy Wonka) e psicadélica até. Senão, atentem na viagem de barco pelo rio de chocolate que é uma verdadeira tripe de ácido!
Adorei quando era criança. Agora que sou adulto, tenho outro entendimento, consigo aprofundar mais a história, certas ideias, as personagens. Na altura, Willy Wonka parecia-me uma espécie de duende vindo de outra dimensão. E, como é evidente, adorava-o. Agora consigo perceber melhor a personagem e todas as nuances que são executadas na perfeição pelo grande Gene Wilder. E adoro-o ainda mais.
Um verdadeiro clássico! 100%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0067992/


Charlie And The Chocolate Factory (2005)Também gostei muito da versão do grande Tim Burton (sou grande fã do trabalho do homem) com o, já por si excêntrico, Johnny Depp como Willy Wonka (hoje em dia, quem seria melhor para interpretar a personagem do que ele?). Freddie Highmore também está muito bem como Charlie. O miúdo é uma promessa. “Charlie And The Chocolate Factory” baseia-se também no livro de Roald Dahl, daí as diferenças entre os dois filmes não serem tão grandes. É claro que esta versão mais recente tem outro ambiente mais fantasista e mais “familiar” diria até, do que propriamente psicadélico como a de 1971.
A própria personagem de Willy Wonka foi trabalhada de formas distintas. Enquanto que na versão de 1971 este é mais sinistro e não tão louco como quer dar a entender aos outros, na versão de 2005 é tão excêntrico que chega a estar desligado por completo da realidade. São perspectivas diferentes dos realizadores. As performances dos actores principais também ajudam a realçar esses perfis. Os finais também são diferentes. Diferença essa que não chega sequer a interferir com as personagens ou a história. É apenas uma pequena adição à versão de Burton que não está no primeiro filme.
Mas a versão de 1971 é a primeira, a original, a melhor. Claro está, a minha modesta opinião. Estão à vontade para discordar. 80%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0367594/

15/03/08

Horrors Of Malformed Men (1969) - Trailer

Horrors Of Malformed Men / Edogawa Rampo Taizen: Kyofu Kikei Ningen (1969)

Um homem com certas perturbações mentais, que não se lembra de quem é ou do seu passado, está internado num hospício. Este é atormentado por uma canção de embalar que não lhe sai da cabeça. Uma certa noite, um estranho tenta assassina-lo, sem qualquer motivo aparente, mas ele reverte a situação e consegue fugir. Ao fugir, ouve a cantiga ser trauteada por uma mulher pertencente ao um circo ambulante. Esta informa-o que ouviu a cantiga numa ilha ao largo da costa Japonesa. Imediatamente parte para a dita ilha para tentar perceber que relação tem com a maldita canção de embalar e, no processo, descobrir quem é. Fica a par da morte de um homem que é parecido fisicamente consigo e aproveita a situação e toma o lugar do falecido. No decorrer das suas investigações depara-se com o seu passado, presente e futuro, que não são assim tão coloridos.
Uma das primeiras sensações que tive e que me parece, ao ler as críticas online, que não foi só a mim que isto ocorreu, é que “Horrors Of Malformed Men” é uma espécie de versão Japonesa de “The Island Of Dr Moreau” de H.G. Wells. Mas não. Trata-se, isso sim, de uma adaptação do livro “The Strage Tale Of Panorama Island” de Edogawa Rampo (uma brincadeira com a pronúncia Japonesa de Edgar Allan Poe). Mas os princípios são similares.
Este filme, que foi banido durante décadas e finalmente se encontra disponível para nosso deleite é, mais do que terror visual, um filme de puro terror psicológico. A sua força assenta mais nas ideias e conceitos explorados do que propriamente no aspecto visual. Aspecto visual que também marca presença mas duma forma bizarra que apenas aumenta ainda mais o, já por si, ambiente psicadélico e hipnótico do filme (estamos em 1969, o ano do psicadelismo por excelência). Para isso contribui, e muito, o uso do Butoh, uma peculiar forma de dança Japonesa. A fantástica performance dos actores, principalmente Teruo Yoshida (Hirosuki Hitomi, o homem em procura do seu passado) e Tatsumi Hijikata (o próprio criador do Butoh no papel de Jogoro Komodo, o louco doutor que realiza as suas experiências na ilha) e a soberba realização do mítico Teruo Ishii também ajudam a tornar este filme numa experiência incrível que, acreditem, não irão esquecer tão cedo.
Segundo me consta, mas posso estar errado ou confundido, no Japão as deformações físicas são tidas como desgraças para a família do deformado. O que pode ser uma explicação válida para este filme, que se baseia nesse pressuposto, ter tido algum impacto no Japão.
Longe de ser o filme de terror mais brutal de sempre no Japão, tal como é apresentado actualmente, este é um filme intenso e bizarro, quase como um pesadelo estranho depois de uma noitada de excessos. Aconselho vivamente. O que não aconselho de forma alguma, é a consumirem drogas alucinogéneas antes de ver este filme. Ficam avisados! 85%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0142257/

08/03/08

Leák / Mystics In Bali (1981)

A história é muito simples, banal até. Uma Norteamericana, Catherine Kean (Ilona Agathe Bastian), está a escrever um livro sobre magia negra. Depois de ter estado noutros locais, como Cuba por exemplo, onde aprendeu vudú, viaja para Bali, na Indonésia, onde pretende aprender Leyak. Leyak é uma forma de magia negra primitiva, supostamente, das mais poderosas. Com a ajuda do seu amigo Mahendra (Yos Santo) consegue tornar-se discípula da Rainha do Leák (Sofia W.D.).
Infelizmente é extremamente difícil encontrar a versão original deste filme, mesmo por meios poucos legais, e apenas tive a oportunidade de visionar a única versão disponível, que é (muito mal) dobrada em inglês. Gostaria imenso de ver isto na língua original.
O argumento é extremamente simples, os diálogos são banais e por vezes absurdos (bom, escrevo isto tendo em conta a versão dobrada, mas a original não deve andar muito longe), os actores são péssimos e parecem estar a movimentar-se e a falar como zombies, muuuuito leeentaaaamenteee. Segundo parece, Ilona Agathe Bastian, a actriz principal, era uma turista Alemã que estava de passagem pela Indonésia e que chamou a atenção a um dos produtores do filme, que lhe ofereceu o papel principal. Este foi o seu primeiro e único filme até à data.
O som (mais uma vez, baseando-me na dobragem) é péssimo; a imagem não é assim tão má, mas quando se trata da cabeça voadora, fica logo péssima (talvez devido à “técnica” que utilizaram para esse efeito especial, com montagens e sobreposição de filmagens); a edição também não está assim tão má. Os efeitos especiais são primitivos, do tipo “vêem-se os fios dos ovnis”, mas resultam. Como se isso não bastasse, a péssima dobragem desta versão que eu visionei, ainda tornam tudo mais “far out”. Aliás, é tudo isso em conjunto que faz o filme e cria a sua aura de culto.
Este filme é bizarro, surreal, psicadélico por vezes até. Pode parecer que não, mas isto ainda me causou alguns arrepios. Tentem ver isto depois da meia-noite, sozinhos, com o quarto escuro, como eu o fiz, e depois digam qualquer coisa. A célebre cena da cabeça que se desprende do corpo ainda com as entranhas agarradas é sublime! Uma cena brutalíssima a nível visual é a da já referida cabeça a sugar um feto directamente das entranhas da mãe grávida. Seja com maus ou bons efeitos especiais, a cena é grotesca e revoltante. E quanto ao riso da Rainha do Leyak, é tão grotesco e por vezes absurdo que chega a arrepiar e incomodar seriamente!
Como se costuma dizer, é tão mau que chega a ser bom. Um “must” para qualquer fã de cinema série B, oriental, terror, fantasia e bizarrias em geral. 80%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0097942/
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Mystics In Bali (1981) - The Fying Head

Un Chien Andalou (1929)

Esta é, sem sombra de dúvida, uma das películas mais bizarras que eu já tive o prazer de visionar. Esta curta-metragem Surrealista de 16 minutos é uma parceria entre o realizador Luís Buñuel e o pintor Salvador Dali. Estes dois génios concordaram em não incluir no filme nenhuma ideia ou imagem que pudesse ser explicada de forma racional, psicológica ou cultural. De facto, na sua grande maioria, o filme não faz sentido, mas se analisarmos bem algumas situações, imagens, pormenores e simbologia, conseguimos tirar algumas ideias. Os Surrealistas eram almas livres e não-conformistas, e a sua arte manipulava a realidade transformando-a em algo completamente distinto. Os Surrealistas eram os mestres do non-sense e do anarquismo.

Uma das cenas mais arrepiantes que eu já vi em filme faz parte de “Un Chien Andaluce”. E, acreditem, a branco e preto ainda se torna mais brutal e bizarro. Em grande plano vemos o olho de uma mulher ser cortado ao meio, com uma navalha de barbear, enquanto, alternadamente, uma fina sombra atravessa a Lua ao meio, estabelecendo um paralelismo com o corte da navalha. Este é um dos dois pormenores que Buñuel (realização e argumento) e Dalí (argumento) inseriram nesta película e que, segundo se diz, representam sonhos que ambos tiveram. Este é o de Buñuel. O de Dali é a palma de uma mão de onde saem formigas. “Formigas nas palmas da mão” é uma frase francesa que simboliza uma certa “comichão” para matar. Outro dos momentos altos do filme é quando um homem puxa duas cordas que arrastam um piano de cauda, dois seminaristas vivos, as placas dos 10 mandamentos e dois asnos mortos e em decomposição. Outra cena perfeitamente bizarra é a de um/a hermafrodita que atiça, com um pau, uma mão decepada que jaz no chão.

"Sentado confortavelmente num quarto escuro, maravilhado pela luz e pelo movimento que exercem um poder quase hipnótico… fascinado pelo interesse dos rostos humanos e as rápidas mudanças de local, (um) culto indivíduo placidamente aceita o mais aterrador dos temas… e tudo isto naturalmente sancionado pela habitual moralidade, governo, e censura internacional, religião, dominado pelo bom gosto e animado pelo humor branco e outros prosaicos imperativos da realidade.”
Luis Buñuel.

“Un Chien Andalou” serve o propósito de despertar o espectador deste referido torpor em que se encontra. As imagens fortes e violentas deste filme escandalizaram a sociedade dos finais da década de 20. Segundo o próprio Buñuel, após a estreia do filme houve imensas denúncias nas esquadras de polícia, assim como pedidos de para cancelar e banir esta “obscenidade”. E segundo o próprio, começou uma perseguição e bombardeamento de insultos e ameaças, que duraram até à sua velhice
Há também uma lenda que diz que Buñuel (ou Dali, não se sabe bem qual, se é que isto realmente aconteceu) pensava que ia ser linchado na estreia desta película, por isso mesmo encheu os bolsos de pedras para atirar às pessoas. Sendo isto verdade ou pura lenda, o certo é que é genial.
E é incrível como hoje em dia, passados cerca de 80 anos, estes 16 minutos de vídeo ainda conseguem chocar e enfurecer a maior parte das pessoas que o vêem. Acreditem que já li alguns comentários bem odiosos na internet sobre este filme, Buñuel e Dalí. E isso é obra!

Resta ainda referir, como curiosidade, que podemos ver os próprios Buñuel e Dali no filme, como o homem do prólogo e um dos seminaristas, respectivamente.

Em uma única palavra: Genial! 100%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0020530/

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