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16/03/13

O que é? – Parte 3: GIALLO

 
 
A rúbrica “O que é?” permanece na Itália, para desta feita vos apresentar outro subgénero popular nas décadas de 60 e 70: o Giallo (ou gialli no plural).
O termo foi originalmente utilizado para descrever as novelas de suspense e mistério que eram comercializadas em livros de bolso, baratos, cuja particularidade era ter capas amarelas (“giallo” em Italiano).
Em meados da década de 60, estas novelas começaram a ser adaptadas para o grande ecrã. No início eram adaptações fiéis dos livros mas, com o tempo o Giallo como género cinematográfico acabou por tomar contornos mais artísticos, fundindo as bases de mistério e suspense com algum terror psicológico e erotismo.
Os gialli são caracterizados por um ambiente de constante suspense, com forte influência de Hitchcock e dos Noir norte-americanos, em que um misterioso homicida (o “whodunit” é uma marca característica), invariavelmente de luva e de faca, que é o único que vemos no ecrã no momento do crime, vai assassinando as personagens de forma brutal, visceral, sangrenta. A brutalidade e frieza do acto são apresentadas de forma artística, quási-operática, de uma intensidade plena, com planos de câmara que nos põem na pele do assassino. As vítimas são, na generalidade, belas mulheres, que são atacadas em momentos de vulnerabilidade, tais como o duche. A nudez é, portanto, mais que abundante e, o que no início é belo acaba por se tornar doentio, quando a abundância de sangue se contrapõe à já dita nudez, num cenário que tem tanto de macabro como de artístico.
Tal como já referido, o assassino mantém-se incógnito até ao fim, e quando aparece está sempre de luvas, com gabardina, óculos escuros e chapéu, escondendo não só a sua identidade como até as características próprias do seu sexo. No decorrer do filme este(a) é apresentado(a) como uma pessoa normal, equilibrada e feliz até. No entanto, no final ficamos a saber o seu passado, as suas origens, e motivos para os actos que perpetrou.
 
 
Outro aspecto importantíssimo no Giallo é a banda sonora, que ajuda a criar o ambiente de suspense, sufoco, paranóia, alienação e perigo constante. Um dos grandes nomes nesta área é Ennio Morricone que, depois de ter dado cartas no spaghetti western, as continua a dar no Giallo. Outros nomes de realce são Bruno Nicolai, Fabio Frizzi, Riz Ortolani e a banda de Rock Progressivo Goblin (responsável pela maior parte da música dos filmes de Argento).
Um pormenor que acabou por se tornar também característica do género, é o facto de a maior parte dos títulos ter referências a animais ou números, como poderão mais à frente verificar.
O Giallo é notória influência em grandes nomes do cinema mundial, tais como Brian De Palma, Quentin Tarantino ou Darren Aronofsky e é, sem sombra de dúvida, o precursor de um subgénero mais cru, simples e directo, surgido mais tarde nos USA, denominado Slasher.
O primeiro filme tido como Giallo, lançado em 1963, foi “The Girl Who Knew Too Much” do mestre Mario Bava. No ano seguinte realiza o influente clássico “Blood And Black Lace”. Bava ainda iria realizar mais alguns títulos no género, embora este se movesse em vários estilos, desde o terror clássico B/W, à ficção-científica, passando inclusive pela comédia. Mas fosse qual fosse o género abordado, havia sempre um grande cuidado na forma visual, estética e ambiente. Estas características iriam influenciar fortemente os senhores que se seguiram.
 
 
Outro dos grandes nomes de relevo é Dario Argento, discípulo e amigo não só de Bava como também de Sergio Leone. Argento aliás é responsável por alguns argumentos de spaghetti westerns. Argento levou o Giallo a um extremo de estilo visual, ambiente e terror que seria difícil de igualar pelos seus pares. O argumento convencional deixou de ser tão importante como o aspecto estético e, apesar de algumas histórias serem de certa forma confusas, o ambiente de sonho/pesadelo dos seus filmes é marca do mestre e compensa, e até dá alguma justificação ao enredo simples, inexistente ou até bizarro. Como poderão ver mais abaixo, a lista de sugestões está repleta de material Argento.
Outros realizadores de realce são Lucio Fulci (“A Lizard In A Woman’s Skin” ou “Don’t Torture A Duckling”, ambos de 1971), Umberto Lenzi (“Seven Blood-Stained Orchids” de 72 e “Spasmo” de 1974), Sergio Martino (“Your Vice Is A Locked Room” de 72 ou “Torso” de 74), Massimo Dallamano (“What Have You Done To Solange?” de 72), por exemplo.
O Giallo ainda continua a existir, embora de forma mais modesta, aleatória e até dissolvida. Na década de 80 este já se havia transformado e/ou misturado com outros géneros. Poderíamos falar em alguns nomes e filmes com interesse, mas o Giallo, tal como o entendemos e definimos, era o produzido na Itália entre 1964 e 1979/80, sensivelmente.
Algumas das sugestões que apresento a continuação são as mais óbvias, tal como nos outros capítulos desta rúbrica, e não seguem qualquer ordem, pois são todos essenciais.
The Girl Who Knew Too Much (Mario Bava, 1963) – O primeiro Giallo e o último filme de Bava a branco e preto.
 
Blood and Black Lace (Mario Bava, 1964) – Se o anterior foi o primeiro, este é um dos mais influentes e catalisador do género.
 
 
The Bird with the Crystal Plumage (1970) + The Cat o' Nine Tails (1971) + Four Flies on Grey Velvet (1971) – Dario Argento e a sua trilogia animal. Os filmes são similares e, nesta altura, ainda seguem a inspiração Hitchcock, com um argumento mais centrado no mundano, real, possível, ao contrário das temáticas sobrenaturais que se tornariam sua imagem de marca. Morricone é responsável pelas fantásticas bandas sonoras (os 3 filmes). A partir daqui, após um desentendimento entre os dois, Argento passaria a trabalhar com Goblin.
 

 
A Lizard in a Woman's Skin (Lucio Fulci, 1971) – Em Londres, a filha de um respeitado político é assombrada por pesadelos que incluem orgias, depravações sexuais e consumo de LSD. Num desses pesadelos esta comete um grotesco homicídio e, quando acorda, depara-se com uma investigação criminal sobre o assassinato da sua vizinha. Facto interessante: uma das grotescas cenas envolvendo cães, que assassinam uma mulher, levou Fulci e a sua equipa a tribunal. O criador de efeitos especiais Carlo Rambaldi testemunhou a favor de Fulci, safando-o de uma sentença de 2 anos de cadeia. Foi a primeira vez na história do cinema em que um artista de efeitos especiais teve de provar o seu trabalho em tribunal.
 
 
Black Belly of the Tarantula (Paolo Cavara, 1971) – Um assassino está a atacar mulheres associadas a um caso de chantagem e extorsão. O homicida paralisa as suas vítimas com uma agulha e depois esventra-as. O Inspector Tellini está encarregue do caso. É tido como um dos melhores Giallo de sempre por muitos fãs de terror.
 
Don't Torture a Duckling (Lucio Fulci, 1972) – Mais violento do que os restantes Giallo, este filme marca a introdução de Fulci de elementos gore mais gráficos que viriam a ser habituais nos seus trabalhos futuros como “The Beyond” ou “City Of The Living Dead”.
 
Who Saw Her Die? (Aldo Lado, 1972) – Uma jovem é assassinada brutalmente e os seus pais começam a investigar. Os homicídios seguem-se e toda a gente que se envolve no caso acaba por cair vítima do assassino. Um facto interessante: George Lazenby, que encarna o pai da rapariga neste filme, foi James Bond em 1969, em “On Her Majesty's Secret Service.
 
Your Vice Is a Locked Room and Only I Have the Key (Sergio Martino, 1972) – O filme usa várias ideias da estória “O Gato Negro” de Edgar Allan Poe e é protagonizado por duas das musas do Giallo (e não só), Edwige Fenech e Anita Strindberg. O título é uma referência a outro filme de Martino, “The Strange Vice of Mrs. Wardh” de 1971, em que o assassino deixa uma nota com a frase à sua vítima (interpretada por Fenech).
 
What Have You Done to Solange? (Massimo Dallamano, 1971) – Outra entrada que é considerada como um dos pontos altos do género. É baseado em parte no livro de Edgar Wallace “The Clue of the New Pin”. Enrico Rosseni, professor de Italiano, está a ter um caso com uma aluna e, num dos seus encontros, estes são testemunhas de um assassinato. As estudantes começam a ser assassinadas uma a uma. Rosseni é o suspeito principal e tem de limpar o seu nome.
 
Torso (Sergio Martino, 1973) – Considerado o precursor dos Slasher. Um homicida anda a estrangular raparigas numa faculdade. Um grupo de amigas vai passar um fim-de-semana na quinta da família de uma delas. O assassino segue-as e mata-as uma a uma. O argumento parece-vos familiar? É o argumento de qualquer slasher norte-americano de finais dos 70s e 80s. É claro que em “Torso” é tudo feito com outro nível de sofisticação próprio do Giallo e que não existe no Slasher.
 
 
Profondo Rosso aka Deep Red (Dario Argento, 1975) – Preciso de me alongar muito? É realizado por Dario Argento! E é um dos melhores! Ainda não viram, e ainda estão aqui a ler? Está na hora de perder (ou ganhar na minha opinião) 120 minutos das vossas vidas.
 
 
Suspiria (Dario Argento, 1977) – Ainda estão a ler? OK, certo, vão acabar de ler o artigo. Mas assim que acabarem, este é outro Argento obrigatório. É um dos Giallo mais conhecidos, senão o mais conhecido globalmente. A banda sonora de Goblin é facilmente reconhecível.
 
 
Sette Note In Nero aka The Psychic (Lucio Fulci, 1977) – Outro filme de Fulci na listagem. Considerado como um dos melhores do realizador, não só no género aqui retratado, mas num conceito geral de filme de terror. É habitualmente comparado ao filme norte-americano “Eyes of Laura Mars” de 1978. Vejam os dois e tirem as vossas conclusões.
 

 
The Pajama Girl Case (Flavio Mogherini, 1977) – O estilo visual, o argumento, e até o local onde a história se desenrola (Austrália) fogem um bocado a aquilo que estamos habituados mas é, sem dúvida, um Giallo. E um dos melhores, por isso mesmo figura nesta lista.
 
 
 
Fico por aqui. Muito mais poderia escrever, mais nomes poderia referir, mais títulos a recomendar, etc. Mas esta rúbrica não pretende ser uma enciclopédia exaustiva dos géneros retratados, mas sim uma pequena introdução, simples, directa e de fácil assimilação.
Quanto ao próximo capítulo desta rúbrica, não sei quando será lançado, nem qual será o seu conteúdo. No futuro ainda pretendo escrever uns capítulos dedicados a géneros e temas como: slashers, video nasties, chambara, yakuza, pinku, shaw bros, kaiju, 70s exploitation, etc.
Sugestões?
 
 
Fontes e websites interessantes sobre o género:
 
 
RDS

22/02/13

O que é? – Parte 2: SPAGHETTI WESTERN


 
O Spaghetti Western é um subgénero de westerns que surgiu a meados da década de 60 na Itália, após o declínio das películas Peplum, pelas mãos de produtores e realizadores Italianos. Tal como o Peplum era a contraproposta para os épicos norte-americanos, também o spaghetti western o era para os westerns de origem nos USA.
 
O termo surgiu inicialmente com um teor derrogatório, mas acabou por se tornar descritivo. A denominação usada no país de origem era “western all’italiana”. O termo Eurowesterns também surgiu para descrever filmes produzidos no resto da Europa, tal como os Winnetou Alemães ou os Ostern Westerns da União Soviética e países do Leste.
 
A maioria dos filmes era composta por um elenco multilingue, fazendo com que não tivesse uma língua predominante, sendo o som posteriormente sincronizado, em várias línguas, conforme o país de comercialização. Também a equipa técnica era, invariavelmente, multinacional.
 
Não há um verdadeiro consenso sobre qual foi o primeiro spaghetti western, mas no ano de 1964 deu-se o “boom” do género com quase 3 dezenas de produções entre a Itália e a Espanha. O filme de maior relevo nesta explosão é, sem dúvida, “A Fistful of Dollars” de Sergio Leone, com Clint Eastwood encarnando o mítico “man with no name” (homem sem nome) que viria a protagonizar mais dois filmes na trilogia dos dólares deste realizador. A inovação em termos cinemáticos, banda sonora (cortesia de Ennio Morricone), argumento e performance viria a tornar-se o modelo para o que se seguiria.
 
Na primeira metade da década de 70, o género já estava a cair em saturação e a tonalidade mais negra, violenta e densa dos primeiros spaghetti westerns teve de sofrer uma mutação para contornos mais ligeiros e humorísticos.
 
Já mais perto da década de 80, o género estava em declínio e nem mesmo a tentativa de regresso à fórmula inicial o salvou da extinção.
 
Mais de 600 filmes foram produzidos entre 1960 e 1980. Na segunda metade desta apresentação poderão ver os mais essenciais, que se tornaram objecto de culto e influenciaram muitos dos grandes nomes do cinema actual, inclusive de Hollywood.
 
Dos grandes nomes no género podemos destacar (sem qualquer tipo de ordem):
 
 
Não referi muitos títulos nesta breve explicação do género, pois apresento agora uma lista daqueles que considero de relevo, abrangendo as diversas fases. É difícil escolher apenas 10 títulos, por isso, fiz a lista deste modo:
5 Essenciais (se quiserem entrar neste universo, estes são os que têm de ver primeiro);
10 Clássicos (Gostaram dos anteriores? Aqui estão outros 10 para explorar melhor o género);
5 Muito bons (Ficaram viciados! Estes são os que se seguem. Divirtam-se!).
 
ESSENCIAIS
01 – The Good, The Bad & The Ugly (Sergio Leone, 1966) – A terceira entrada na trilogia dos dólares de Leone. Tudo é perfeito, desde a realização soberba de Leone, passando pela actuação do trio Eastwood (Blondie ou “man with no name”), Van Cleef (Angel Eyes) e Wallach (Tuco), até à perfeita banda sonora de Ennio Morricone (o filme não teria atingido a perfeição sem a simbiose com a música do maestro). O "trielo" final é uma das melhores cenas de sempre do cinema mundial. Não só o melhor spaghetti western, como também um dos melhores filmes de sempre.
 
 
02 – Django (Sergio Corbucci, 1966) – A violência no género é dado adquirido, no entanto, Corbucci levou-a ao extremo neste clássico protagonizado por Franco Nero. Não só e um filme violento como também negro e denso. Tal como no anterior título, tudo em Django é irrepreensível. E tal como em “The Good, The Bad & The Ugly”, o tema título (Luis Enriquez Bacalov) é um dos mais facilmente reconhecíveis de todo o género. O nome Django passaria a ser usado repetidamente no género, embora apenas tenha existido uma verdadeira sequela (“Django 2: Il Grande Ritorno”), já em 1987. Inclusive o Japonês Takashi Miike (“Sukiyaki Western Django”) e Tarantino (“Django Unchained”) já fizeram a sua homenagem.
 
03 – Once Upon A Time In The West (Sergio Leone, 1968) – Mais uma entrada de Leone nesta lista principal. Um épico que atinge a marca dos 165 minutos (dependendo da versão) e que conta com a performance de Henry Fonda, Charles Bronson e Claudia Cardinale, entre outros. Leone leva ao extremo tudo o que havia experimentado na sua trilogia dos dólares (principalmente no número um desta lista). Condimentado com mais uma irrepreensível banda sonora de Morricone. A salientar a colaboração de um jovem Dario Argento no argumento.
 
 
04 – The Big Gundown (Sergio Solima, 1967) – Lee Van Cleef e Tomas Milian num jogo do gato e do rato com algumas reviravoltas e que leva, indubitavelmente, a um confronto final. Outro tema título facilmente reconhecível pelas mãos de Morricone.
 
05 – The Great Silence (Sergio Corbucci, 1968) – Mais um western de atmosfera negra protagonizado por Jean-Louis Trintignant, como o mudo Silenzio, um anti-herói que enfrenta o vilão Loco, encarnado por Klaus Kinski, durante a grande nevão de 1899.
 
 
CLÁSSICOS (sem ordem específica, pois esta é perfeitamente discutível)
06 – A Fistful Of Dollars (Sergio Leone, 1964) – O primeiro da trilogia dos dólares. O filme que deu início à exploração do género. Eastwood encarna o mítico “man with no name” pela primeira vez.
07 – For A Few Dollars More (Sergio Leone, 1965) – Segunda entrada na trilogia de Leone. A Eastwood junta-se Lee Van Cleef e Gian Maria Volonté.
08 – Compañeros (Sergio Corbucci, 1970) – Um dos meus favoritos de sempre. Mais ligeiro que os seus precedentes, já a fazer a transição para os westerns de orientação humorística dos inícios dos 70s. Mas não é por isso que não deve ser levado a sério. As interpretações de Franco Nero, Tomas Milian e Jack Palance, dirigidas por Corbucci, com o som de fundo de Morricone (o tema título é um dos meus favoritos do género) são irrepreensíveis.
 
 
09 – The Mercenary (Sergio Corbucci, 1968) – Um mercenário Polaco (Franco Nero), alia-se a um insurgente Mexicano (Tony Jusante) aliam-se contra o mercenário (Jack Palance). Outra banda sonora clássica pelas mãos do maestro Morricone.
10 – Keoma (Enzo Castellari, 1976) – Um dos últimos grandes filmes do género já em 1976, no declínio do mesmo, com Franco nero no papel principal. Marcou o fim de uma era no cinema Italiano.
11 – A Bullet For The General (Damiano Damiani, 1966) – Gian Maria Volonté é El Chuncho é contratado para matar um líder da revolução Mexicana.
 
 
12 – Run, Man, Run! (Sergio Sollima, 1968) – Sequela para “The Big Gundown”. Tomas Milian volta como Cuchillo, o revolucionário Mexicano.
13 – Face To Face (Sergio Sollima, 1967) – Gian Maria Volonté e Tomas Milian num filme que retracta o impacto da violência nas personagens e as transformações que estas sofrem (em especial a transformação da personagem de Volonté).
14 – They Call Me Trinity (Enzo Barboni, 1970) – Poucos spaghetti de orientação humorística foram produzidos, mas este será com certeza um dos melhores. A coleaboração Terence Hill / Bud Spencer, que se tornou duradoura, para além dos spaghetti, tornou-se influência nos spaghetti westerns humorísticos que se seguiram.~
 
15 – Death Rides A Horse (Gulio Petroni, 1967) – Temas típicos no género: relação mentor / protegido e vingança. Lee Van Cleef é o mentor e John Phillip Law o protegido que quer vingar o assassinato dos seus pais.
 
 
MUITO BONS
16 – A Fistful Of Dynamite (Sergio Leone, 1971) – Mais uma na revolução Mexicana. James Coburn é um ex-agente da IRA e Rod Steiger é um bandido Mexicano.
17 – A Pistol For Ringo (Duccio Tessari, 1965) – Os temas principais do género pouco fogem do estabelecido e, neste caso, é isso mesmo que temos. Um pistoleiro mata 4 homens em defesa própria, mas é encarcerado na mesma. Depois de um assalto ao banco local, os assaltantes refugiam-se num rancho próximo. O xerife tem receio de intervir pois a sua noiva está entre os reféns. Quem é que o poderá ajudar? O nosso herói irá infiltrar-se no gangue.
18 – Four Of The Apocalypse (Lucio Fulci, 1975) – Fulci é imediatamente reconhecido pelo seu trabalho no cinema de terror, mas antes disso foi responsável, já no declínio do género, por este violento spaghetti western que sobressai dos seus pares da mesma época.
19 – The Stranger And The Gunfighter (Antonio Margheriti, 1974) – Alguns questionarão a inclusão deste título na lista, mas está aqui pelo motivo maior de dar a conhecer a colaboração com a Shaw Bros, produtora de Hong Kong, notória pelos filmes de artes marciais (e que também chegou a fazer uma colaboração com a Britânica Hammer). Um instrutor de artes marciais (Lieh Lo) tem de recuperar um tesouro (as habituais questões de honra familiares) e um pistoleiro (Lee Van Cleef) irá ajuda-lo.
20 – Tepepa (Giulio Petroni, 1969) – Um médico Britânico interfere na disputa entre o guerrilheiro Mexicano Tepapa (Tomas Milian) e o Coronel Cascorro (Orson Welles).
 
 
Críticas e sugestões desse lado?
No próximo capítulo desta série devo “dar umas facadas” no Giallo!
 
Fontes e websites interessantes sobre o género:

20/02/13

O que é? – Parte 1: PEPLUM ou SWORD & SANDAL


Nas décadas de 60 e 70, a Itália foi prolífica em cinema de qualidade. A cada sucesso de bilheteira seguia-se a sua consequente exploração (leia-se “exploitation”). Podemos ir muito mais atrás no tempo mas, interessa-nos, para já, começar nos finais da década de 50. Quando em 1958 foi lançado “Le Fatiche di Ercole” (com o culturista Americano Steve Reeves no papel principal) deu-se início ao fenómeno Peplum (apelidado de Sword & Sandal nos USA).
O que é Peplum? O Peplum (ou Pepla no plural; o termo refere-se às togas ou robes usados na Antiga Roma) é um género, na sua larga maioria de produções Italianas, baseado em épicos bíblicos ou históricos, mitos e lendas, na ficção épica escrita, e outros temas similares. O género surgiu para rivalizar com épicos de Hollywood como “Ben Hur”, “Spartacus”, “Quo Vadis” ou “Cleopatra”, entre outros. Dominaram a indústria Italiana entre 1958 e 1965, quando perderam a sua vitalidade e deram origem ao Spaghetti Western.
O Peplum foca-se em meia dúzia de heróis, a saber: Hercules, Maciste, Ursus, Samson, Goliath, entre outros de menor relevância ou proficiência. Todos estes tiveram a sua série de filmes, na grande maioria sem ligação em termos narrativos. Apenas o nome servia de mote a mais uma entrada na série.
Além das aventuras destes heróis, também foram criados subgéneros, a saber: Gladiadores, Antiga Roma, Mitologia Grega, Bárbaros, Espadachins e Piratas, Épicos Bíblicos, Antigo Egipto, Babilónia e Médio Oriente.

Quais são os elementos centrais de um Peplum?
- Um homem musculado no papel principal, que realiza feitos que requerem uma força sobrenatural;
- Exóticas heroínas e “femme fatales” em conluio com vilões e vigaristas;
- Guarda-roupas sensuais e cenários extravagantes;
- Estórias e personagens retirados da história antiga e mitologia;
- Lúridas cenas de escravidão e tortura;
- Um estilo tipicamente Italiano de narrar estórias.
Um dos grandes problemas hoje em dia, para os amantes do género, é a dificuldade de conseguir muitos destes filmes com uma qualidade decente, tanto áudio como vídeo. Não há edições de qualidade acima da média para a grande maioria destes filmes. Muitos estão perdidos e apenas se conseguem através de coleccionadores que têm na sua posse cópias gravadas directamente da TV, edições piratas, VHS das mais variadas proveniências e, indubitavelmente, com dobragem em diversas línguas (não só em italiano, mas em inglês, espanhol, alemão, etc) e sem legendas a acompanhar. Já para não falar na dobragem atroz de que estes eram alvo naquele tempo, assim como nos mais diversos títulos que lhes eram atribuídos, conforme o país em que se distribuía. Isto levava inclusive a mudar e/ou alternar os nomes dos heróis entre si. Mas isto era prática comum não só no Peplum, mas em todo o cenário Exploitation, como poderão constatar noutras entradas desta rúbrica.
Pelos motivos indicados será difícil eu apontar filmes essenciais, pelo menos baseados na minha experiência, pois não tive oportunidade de ver muitos. Aos poucos vou saciando a minha sede com versões aceitáveis e, na medida do possível, irei escrevendo algumas linhas sobre o título em questão. Por isso mesmo vou basear as minhas escolhas no pouco que sei, e em indicações de alguns entendidos na matéria.
01 – Hercules (La Fatiche di Ercole; The Labors of Hercules) (1958) – O filme que começou o frenesim Peplum. Uma curiosidade: Mario Bava foi responsável pela iluminação e efeitos especiais.

02 – Hercules Unchained (Ercole e La Regina di Lidia, Hercules and the Queen of Lydia, 1959) – A sequela do anterior título, que muitos apontam como superior.

03 – Achilles (L’Ira di Achilles, Fury Of Achilles, 1962) – Gordon Mitchell no papel principal. Baseado na “Ilíada” de Homero.

04 – Goliath And The Barbarians (Il Terrore Dei Barbari, The Terror of the Barbarians, 1959) – Mais uma vez Steeve Reeves, aqui acompanhado pela bela Chelo Alonso. Baseado na invasão da Itália pelos  Lombardos no ano 568 D.C.
05 – Attila (1959) – Anthony Quinn como líder de uma horde de bárbaros que invade a antiga Roma. Com Sophia Loren, Irene Papas, Henri Vidal, e outros.

06 – Colossus of Rhodes (1961) Realizado por Sergio Leone. Com actuações de Rory Calhoun, Lea Massari, Georges Marchal. Darios, o herói de Atenas, vê-se envolvido em duas conspirações para derrotar o rei tirano, uma dos patriotas de Rhodes, outra menos louvável da parte dos Fenícios.

07 – The Trojan Horse (La Guerradi Troia, The War Of Troy, 1961) – Começa sensivelmente onde acaba a história de “Achilles”. É tido como um dos pontos altos do cinema Peplum.

08 – Hercules In The Haunted World (Hercoles Al Centro Della Terra, Hercuels at the Center of the Earth, 1961) – Realizado pelo mestre Mario Bava, esta foi a sua única contribuição para o género. O seu estilo está bem patente neste filme protagonizado por  Reg Park (Hercules) e Christopher Lee (o vampiro Lyco). Peplum no terreno da fantasia, uma fusão levada a cabo por diversas vezes.

09 – Romulus And Remo (Romolo e Remo, Duel of the Titans, 1961) – Realizado por Sergio Corbucci, que mais tarde iria fazer nome com os seus spaghetti westerns. Com Steve Reeves, Gordon Scott e Virna Lisi.

10 – Hercules Against the Moon Men (Maciste e la regina de Samar, Maciste and the Queen of Samar, 1964) – Peplum em fusão com ficção-científica. As possibilidades estavam em aberto e qualquer fusão era bemvinda para refrescar o género.

Muitos mais poderiam figurar nesta lista, mas escolhi alguns por serem clássicos e perfeitos para a introdução dos mais incautos ao mundo Sword & Sandal, outros apenas para mostrar a diversidade (embora tenha deixado de fora muitos subgéneros).
Sugestões desse lado?

Até ao próximo capítulo desta série!


Fontes:

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