Preste a morrer, um instrutor de artes marciais incumbe o seu último aprendiz de uma tarefa. Este deve localizar um velho instrutor, já retirado, que tem em sua posse um tesouro do clã. Tem também de localizar 5 antigos aprendizes do moribundo, cuja identidade é desconhecida, até mesmo entre alguns deles, e verificar se estão a usar as suas capacidades para o mal e tentar obter o dito tesouro. O jovem aprendiz deve juntar-se com os que estão do lado do bem, e eliminar os que estão do lado do mal. Cada um destes 5 homens tem uma técnica própria baseada num animal venenoso (daí o título do filme): centopeia, cobra, escorpião, lagarto e sapo. O jovem aprendiz sabe um pouco de cada uma das técnicas, mas sozinho não consegue derrotar qualquer um deles, se tiver de o fazer, daí a necessidade de ter de se unir a algum deles.
Mais um fantástico filme de artes marciais da produtora Shaw Brothers que tive a oportunidade de ver. Mistério (não muito, a coisa percebe-se logo, à excepção do “escorpião” que acaba por ser uma surpresa), acção, artes marciais, algum humor tipicamente chinês, enfim, tudo o que torna tão bons os filmes da Shaw Brothers. É um dos meus favoritos ao lado de “The Jade Tiger” ou “Clans Of Intrigue”. 85% RDS
A acção do filme desenrola-se em apenas uma noite. Hung (Andy Lau) é o chefe de uma tríade de Hong Kong. “Left-Hand” (Jacky Cheung) é o seu melhor amigo e braço direito na tríade. Nessa mesma noite Hung descobre duas coisas, que a sua mulher deu à luz um filho, e que está alguém a tentar assassiná-lo. “Left-Hand” diz-lhe para sair de Hong Kong, ir para a Nova Zelândia com a sua família, e deixar os negócios nas suas mãos. Este diz que vai ficar e não vai fugir. A relação entre os dois fica abalada. “Left-Hand” envia os seus homens para assassinar os 3 suspeitos da tentativa de assassinato, “Tall Man” (Eric Tsang), “Big Lungs” (Norman Chu) e “Figo” (Kiu Wai Miu), chefes menores na tríade. Mas Hung tem outros planos e pretende mostrar ao amigo o verdadeiro sentido do termo “irmão de sangue”. Em paralelo, seguimos as aventuras e desventuras de outras duas personagens, Yik (Edison Chen) e Turbo (Shawn Yue), que lutam por poder e pelo seu lugar no submundo. A Yik foi atribuída a missão de assassinar o chefe de uma tríade. Este pede ao amigo Turbo para o acompanhar. Este trabalho dar-lhes-á a hipótese de subir no gangue. Os actores, na sua grande maioria caras conhecidas da trilogia “Infernal Affairs”, estão ao mais alto nível, em especial os 4 principais. Os momentos altos do filme são a conversa no restaurante entre Hung e “Left-Hand” e a revelação final. Muita gente gosta de dizer, depois de ver um filme, que já estava à espera do desenlace, ou que já se havia apercebido de pormenores que só nos são apresentados no final. Pois, se alguém me disser isso em relação e este “Jiang Hu” / “Gong Wu”, não vou acreditar por certo. O que parecia uma coisa, no final é outra. E só mesmo depois da revelação é que temos outra visão da totalidade do filme. Genial! Gostei muito, como já disse, da “performance” dos actores principais (Andy Lau sempre no seu melhor), da realização de Ching-Po Wong (muito trabalho de câmara, ângulos interessantes, “slow motion” e outros que tais; por momentos algo exagerado é certo) e da banda sonora de Mark Lui. Há alguma acção, mas não muita, centrando-se o filme essencialmente na relação entre as personagens principais. Se querem perseguições, movimento, tiros e bombas, então este não é o filme certo para vocês. Apesar da grande preocupação de Ching-Po Wo no estilo do filme e na sua componente visual, este também tem uma história fabulosa. É simples, é certo, mas bem contada e eficaz. Apesar de não ser uma obra-prima, é interessante. Algo parado se estão à espera de mais movimento (mais uma vez, filme errado) mas compensador se querem algo com mais substância. Recomendo. Deixo no final uma das frases marcantes do filme, em que Hung diz a “Left_Hand” (em inglês, sorry!): “How do you want me to say it? I say, you don't listen. If you listen, you don't understand. If you understand, you won't do it. If you do it, you do it wrong. If you do it wrong, you won't correct it. If you correct it, you're not happy. If you're not happy, you won't say. How do you want me to say it?”. 70% RDS
Mou Gaan Dou / Infernal Affairs I (2002): Chan Wing Yan (Tony Leung) é um polícia infiltrado nas tríades de Hong Kong. Do mesmo modo, Lau Kin Ming (Andy Lau), membro de uma tríade, infiltra-se na polícia. Chan encontra-se infiltrado há vários anos e tem vindo a subir na hierarquia da tríade. Também o Inspector Ming tem vindo a subir na sua carreira, até ao ponto de ser encarregado dos “Assuntos Internos” (“Internal Affairs”) para, imagine-se, encontrar a “toupeira” que a tríade tem na força de polícia. Ambos vão informando os seus respectivos chefes, respectivamente o Superintendente Wong Chi Shing (Anthony Wong) e Sam (Eric Tsang), dos seus passos no campo inimigo. Chan quer deixar de ser infiltrado, mas apenas o Superintendente Wong sabe a sua verdadeira identidade, a qual guarda no seu computador, numa ficha que está fechada com uma senha. Tanto Chan como Ming, mas principalmente Ming, começam a ficar confusos sobre a sua vida e o seu papel principal. Começam a questionar-se se estão de um lado ou do outro. Chan já não sabe se é bom ou mau. Ming também começa a pensar apagar o seu passado para passar a ser um polícia de verdade. Os dois lados da equação, polícia e tríade, tentam desesperadamente apanhar a “toupeira” que está no seu lado. Chan e Ming são apanhados num turbilhão de situações extremamente difíceis. Além dos nomes atrás mencionados, outros nomes da cena de Hong Kong fazem parte deste fantástico policial, tais como: Lam Ka Tung, Ng Ting Yip, Wan Chi Keung, Dion Lam, Chapman To, Edison Chen, Shawn Yue, etc. Todos os actores e actrizes estão ao mais alto nível, principalmente Tony Leung, Andy Lau e Anthony Wong. O argumento é fantástico. Além da complexidade do mesmo a nível da história central, as personalidades das personagens são muito bem exploradas, o que dá uma dimensão mais humana às mesmas. A certo ponto do filme estamos tanto do lado de pessoas da polícia como da tríade. Mesmo sabendo o que algumas delas fazem ou fizeram! É difícil, a certo ponto, distinguir entre o bem e o mal. Nem mesmo as personagens o sabem fazer. E a vida real é mesmo assim. Num filme do género, vindo de Hollywood, temos o bom que é mesmo bonzinho, e o mau da fita que é mesmo mauzão. Aqui temos situações reais, com diversos tons de cinzento. Isso deixa-nos a pensar, e muito, sobre algumas das atitudes das personagens. A realização, essa é soberba. A banda sonora de Chan Kwong Wing é um excelente complemento ao drama, à tensão e à acção do filme. Um dos melhores policiais, se não o melhor, que vi nos últimos anos. Recomendo vivamente. 95% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0338564/
Mou Gaan Dou II / Infernal Affairs II (2003): O volume II de “Infernal Affairs” é uma prequela onde se apresentam os passados das várias personagens. Aqui ficamos a saber muito do que aquilo que nos foi dado a conhecer no filme original. As personagens principais Ming e Chan, aqui mais jovens, são representadas por Edison Chen e Shawn Yue, respectivamente. Apesar de não terem a experiência dos seus pares Lau e Leung, os jovens safam-se muito bem e conseguem transpor para o ecrã as personalidades das suas personagens. A história neste 2º volume inicia com a expulsão de Chan Wing Yan (Shawn Yue) da academia de polícia. Como já é conhecido do 1º filme, o Superintendente Wong incumbiu-lhe a tarefa de se infiltrar numa tríade de Hong Kong liderada pelo seu meio-irmão Ngai Wing-Hau (Francis Ng, numa prestação ao mais alto nível, tal como os outros actores). Quanto a Ming, a trabalhar para Sam e a sua esposa Mary Hon (Carina Lau), foi-lhe dada a tarefa de matar o pai de Hau e infiltrar-se na polícia. Não tão bom quanto o primeiro, mas mesmo assim muito acima da média, este “Infernal Affairs II” revela-nos o passado das personagens que conhecemos de IA-I e outras “novas” (é uma prequela!) que nos vão ajudar a perceber melhor todo o enredo, as personagens, as interacções entre as mesmas, e muitos outros pormenores. Quem gostou do primeiro, continue com este que continua bem! 80% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0369060/
Mou Gaan Dou III: Jung Gik Mou Gaan / Infernal Afairs III (2003): A terceira e derradeira etapa desta fantástica trilogia policial de Hong Kong. Neste voltamos a ponto em que ficamos no final do primeiro filme. Ming (Andy Lau de novo a encarnar a sua personagem), ainda a trabalhar nos “Assuntos Internos”, suspeita que o Superintendente Yeun Kam Wing (Leon Lai) é uma “toupeira” das tríades. É neste, e noutros pressupostos secundários, que se centra parte da acção de AI-III. A outra parte do filme é composta por complementos em forma de “flashbacks”. Em AI-III temos quase todas as personagens dos dois filmes anteriores a fazerem aparições, mesmo as que morreram, pois muitas coisas que não sabemos são contadas nos já referidos “flashbacks” que nos fornecem informações complementares para a globalidade da história. Preparem-se para estar com muita atenção porque as coisas podem ficar muito confusas com os constantes, e principalmente aleatórios, saltos no tempo. Um dos pontos que gosto muito neste AI-III é a interacção entre Chan (Tony Leung) e a sua psicóloga Lee Sum Yee (Kelly Chen). São passagens mais ligeiras e engraçadas que ajudam a descontrair, ainda que por breves momentos, de toda a tensão e drama que envolve a história geral. Ao contrário da maioria das trilogias feitas nos USA, nas quais o 3º filme é um fechar da história e tem um final com um clímax exagerado, aqui o 3º filme serve para complementar. Depois de ver AI-III ficamos com uma perspectiva mais alargada de tudo. Este é, portanto, um filme que não pode ser visto “sozinho”. Tem de se ver obrigatoriamente depois de AI-I e AI-II. Uma boa maneira de fechar a trilogia. 80% IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0374339/
Nota à parte: “The Departed”, o já obrigatório remake Norte-Americano? Ainda não vi. Até hoje ainda estou reticente. Mas vou apanhar coragem e faço-o qualquer dia destes. Depois faço uns comentários aqui nesta Zona.
Ling (Elanne Kwong) e Janice (Janice Man) são as melhores amigas. Desde pequenas que competem por tudo e mais alguma coisa. Até que têm que competir pela atenção de Him (Chung Him Law), um estudante de cinema que vive com o seu primo. Him necessita de dinheiro para ajudar uma pessoa que está no hospital e começa a dar aulas de fotografia e vídeo. As raparigas, como é evidente, inscrevem-se. Him aproveita a competitividade das raparigas e começa a gravar um programa misto de “Jackass” e concurso de TV. Cada uma das raparigas escolhe 5 pessoas e depois cada uma das equipas submete-se a uma série de desafios que se tornam, cada vez mais, ousados e até perigosos. Cantar os parabéns no funeral de um membro de uma tríade; entrar numa joalharia com uma máscara de ski e uma arma falsa para comprar (sim, comprar) um colar de ouro (de salientar que em Hong Kong as joalharias são guardadas por seguranças armados); ou ainda entrar num cemitério à noite para distribuir comida aos falecidos; estes são alguns dos desafios. Esta produção de baixo orçamento de Oxide Pang foi realizada por sete pessoas distintas (sob a designação Seven’s), na sua maioria estudantes de cinema. Á partida pode parecer algo do género do execrável “Jackass” (não chega tão ao extremo, até porque aqui é tudo fictício) ou uma típica comédia de liceu / universidade. É uma fusão de ambos, sem chegar sequer a atingir os propósitos de uma ou de outra. Há aqui ideias boas, mas não chegam a ser concretizadas na perfeição. Gostei da ideia de reunir os sete realizadores que, apesar de serem inexperientes, conseguem introduzir uma certa inovação e frescura que acaba por resultar bem a maioria das vezes. Gostei da gravação de câmara em punho. Gostei do tom de documentário que Him atribui ao seu filme dentro do filme. Nota-se que o elenco se divertiu a gravar. Isso é muito bom e ajuda ao espírito do filme. E gostei, principalmente, da cena do cemitério. Dêem uma oportunidade à pessoa que realizou essa sequência e esta poderá chegar longe! Os pontos negativos também são muitos. Diria que são quase 50/50. As personagens não são bem exploradas. A parte mais divertida do filme não é assim tão hilariante. A parte mais séria do filme e toda a questão da amizade e do amor também não são tão bem exploradas como poderiam. Juntem a isto um elenco constituído por jovens caras do espectáculo de Hong Kong (jovens actores, modelos, cantores Pop, etc) e têm filme. No geral, pode-se dizer que as boas intenções eram muitas, mas ficaram pelo caminho. O resultado final é mediano. Vejam “See You In You Tube” com alguma abertura de mente (é diferente, isso é certo) e com alguma ligeireza (não esperem algo de transcendental, simples entretenimento). Uma mera curiosidade. Para ver com os amigos num fim-de-semana à noite e divertir-se um bocado. Nada mais. 65% RDS
Década de 40. China. Um gangue apelidado de “gangue do machado” é liderado pelo “Irmão” Sum e controla a cidade. Uma comunidade chamada “Aldeia do Porco”, por ser tão pobre e não despertar o interesse do gangue, está a salvo. Mas não por muito tempo. Um arruaceiro chamado Sing (Stephen Chow) e o seu amigo Bone (Lam Tze Chung) aparecem na vila alegando ser membros do “Gangue do Machado” e tentam extorquir dinheiro aos habitantes. Isto atrai o verdadeiro gangue, mas alguns dos residentes são mestres de kung fu a tentar viver uma vida normal. Inicia-se logo uma disputa pelo poder. Sing tem de escolher um lado. Ou se torna um mafioso ou ajuda a “Aldeia do Porco”. O multifacetado Stephen Chow escreveu, produziu, realizou e protagonizou esta comédia plena de acção, aventura, artes marciais, fantasia e muito, muito humor. Vi o filme na altura do seu lançamento, mas houve alguns pormenores que não me agradaram. Como actualmente estou mais “calejado” no cinema Asiático, resolvi dar uma outra oportunidade a este “Kung Fu Hustle”. E ainda bem que o fiz. Agora consegui apreciar o filme em toda a sua plenitude. Cinematografia, efeitos especiais, performance do elenco, realização, humor e todas as subtilezas que fazem desta uma obra-prima do cinema Chinês. Está tudo perfeito. É, sem dúvida, uma das melhores comédias de acção que vi nos últimos tempos (estou a contar este visionamento do filme como o primeiro, pelo motivo atrás apresentado). Hilariante! Recomendo vivamente a fãs de humor asiático, artes marciais e fantasia. 90% RDS
Kai (Anthony Wong) trabalha num restaurante em Hong Kong. Um dia é apanhado na cama com a mulher do patrão. Como castigo pelo adultério, o patrão vai castra-lo, mas este enlouquece e mata o casal e um amigo, deixando viva apenas a filha. Foge para a África do Sul onde arranja emprego num restaurante chinês. Os novos patrões tratam-no mal e pagam-lhe pouco porque sabem que ele é um homem procurado em Hong Kong, e este não tem outra alternativa senão ficar ali. Kai e o patrão visitam uma aldeia para ir comprar carne mais barata e lá observam que uma epidemia está a matar os locais. Ao regressar a casa, Kai vê uma mulher doente, moribunda, e como não tem sexo há algum tempo, aproveita a ocasião e viola-a. Mas ao fazê-lo, contrai o vírus que esta tem, o ébola. O vírus causa febres altas, pústulas, liquefacção dos órgãos e posterior morte. Uma em 10 milhões de pessoas é imune, tornando-se apenas portadora, não doente. É o caso de Kai. Certo dia passa-se com os maus-tratos de que é alvo e mata os novos patrões. Mas não sem antes os contaminar. Faz hambúrgueres (não são hambúrgueres diz ele, são “African buns”) com a carne e no dia seguinte vende-os aos clientes. Quando a filha do primeiro casal, de férias na África do Sul, o reconhece e vai à polícia, este foge de novo para Hong Kong. Continua a matança e a contaminação. Será que a epidemia vai para e Kai vai ser apanhado? Depois de “The Untold Story” de 1993, Anthony Wong volta a trabalhar com o realizador Herman Yau num filme similar. Gore na linha de “Braindead”, com muito humor negro à mistura, sangue tipo molho de tomate, efeitos especiais de baixo orçamento (é mais apoiado no excelente trabalho de câmara de Yau), actuações medianas (excepto Wong), péssimo som (parece uma dobragem mal feita), música de sintetizador, sangue, tripas, nudez. É isso que temos em “Ebola Syndrome”. E querem melhor? Gore, sleazy, exploitation, trash, série B e Cat. III são as designações da ordem. Não é um filme que se leva a sério. É um filme mais de entretenimento e puro Gore para aficionados do género do que propriamente de terror ou suspense. Não há nada que assuste ou impressione verdadeiramente (se bem que a cena da autopsia está bem feita e me impressionou um pouco). Não é dos melhores que já vi mas gostei do distorcido sentido de humor. Apenas para os extremistas e amantes do género. 75% RDS
Wong Jiang (Anthony Wong) e Qi Xi “Seven Up” (Lau Ching Wan) são dois investigadores da policia de Hong Kong. Qi Xi trabalha como informador para as tríades e como cúmplice do senhor do crime Blind Chiu (Francis Ng). Wong tem provas para incriminar Blind Chiu, mas Qi Xi interfere e fornece abrigo ao criminoso. Depois de uma perseguição, que acaba num telhado (qual é a dos policiais de Hong Kong e os telhados?), os 3 homens confrontam-se. Blind Chiu e Qi Xi acabam mortos. Sem haver testemunhas (nem mesmos nós, porque o desenrolar da cena é filmada da rua, sem mostrar o que se passa, apenas o som dos tiros), o relatório final indica que Qi Xi morreu no cumprimento do dever. Anos mais tarde, o seu filho Chan Lok-Yin “Cola” (Ho-Yin Wong) integra as forças policiais e acaba sob o comando de Wong Jiang. Assumindo que este é culpado da morte de seu pai, jura vingança. Mas não e só ele, e Ray (Jordan Chan), filho de Blind Chiu, propõem-lhe uma vingança conjunta. As habituais voltas e reviravoltas marcam “Colour Of The Truth” e, até bem perto do final, ficamos na dúvida sobre o que realmente aconteceu naquele dia naquele telhado. Acusado de ser uma cópia de “Infernal Affairs”, o que a meu ver, não tem razão de ser, o filme consegue ficar acima da média. Não sendo um dos melhores policiais vindos de Hong Kong (prolífico neste tipo de filmes), este “Colour Of The Truth” é, mesmo assim, um grande filme policial com toques de thriller, muita acção, uma história interessante, actuações irrepreensíveis e uma realização soberba (Marco Mak e Jing Wong). Além dos nomes já referidos, temos a participação de inúmeras caras conhecidas da cena de Hong Kong, seja em “cameos” ou papéis secundários. Só é pena as legendas em inglês estarem uma grande porcaria. Em algumas passagens (tal como na cena inicial no telhado) não se percebia muito bem o que as personagens estavam a falar. Num filme em que o diálogo, as personalidades e a interacção entre as personagens são peças fundamentais, este tipo de falhas perturbam muito a compreensão do filme. Mas, com algum esforço intelectual, as coisas compõem-se e percebe-se bem o filme. Para fãs de policiais de Hong Kong e policiais / thrillers em geral. Eu, na minha reduzida sabedoria cinéfila, recomendo. 75% RDS
“Mad Detective” é um policial vindo de Hong Kong, de contornos sobrenaturais, com muito suspense e algum humor negro. Toques de Hitchcock estão presentes, assim como um ambiente Lynchiano, tudo embalado e apresentado de uma maneira tipicamente asiática. O inspector Bun (Chin Wan Lau) é um detective que resolve os crimes de uma maneira peculiar. No dia da reforma do seu capitão, este corta uma orelha para dar de prenda ao seu superior. Anos mais tarde um polícia desaparece misteriosamente e o jovem inspector Ho Ka On (Andy On) é fica responsável pela investigação. Este procura Bun, entretanto suspenso da polícia, para o ajudar a resolver o caso. Ko Chi-wai (Ka Tung Lam), antigo parceiro do polícia desaparecido, é um dos investigados. As três personagens principais são encarnadas na perfeição por cada um dos actores, mas a performance de Chin Wan Lau está, sem dúvida alguma, em destaque. Um ser louco, anti-social, perturbado, quase esquizofrénico, Bun alega que consegue ver a personalidade interior das pessoas, e é desta maneira que consegue desvendar os mistérios com que se depara. No decorrer da investigação vemos o mesmo que ele, a pessoa ou várias pessoas / personalidades que constituem cada indivíduo, e no momento seguinte vemos a realidade, o que todos os outros comuns mortais vêm. E é aqui que a dupla de realizadores Johnny To e Ka-Fai Wai brilham, recriando o ambiente esquizofrénico que é a mente de Bun e a que nós próprios somos submetidos no decorrer do filme, contrastando e realçando tudo ainda mais com cenas reais. E a fabulosa cena final, um tiroteio entre as 3 personagens principais, é prova desse mesmo trabalho exemplar de realização (com um trabalho de câmara excepcional) e da performance dos 3 actores. Vemos as 3 pessoas reais e ainda as que Bun consegue ver. O suspense é enorme e, a tensão criada pela dúvida em relação à verdade por detrás de tudo e ao desfecho da situação, mantém-nos agarrados ao ecrã. E, como habitual nos filmes asiáticos, o final deixa-nos a pensar. Há já imenso tempo que não via um thriller policial que me chamasse tanto a atenção. Fantástico. Para os fãs dos policiais de Hong Kong e de filmes como “The Sixth Sense”, esta é uma excelente aposta. 75% RDS
"3... Extremos" (Saam gaang yi / Three… Extremes / Three Monster; 2004) é, não um filme, mas uma compilação de 3 curtas-metragens de origem asiática, existindo ainda outra recolha do género (essa fica para uma próxima). A primeira curta, "Dumplings", vem de Hong Kong e foi realizada por Fruit Chan. A segunda, "Cut", vem da Coreia do Sul e foi escrita e realizada por Park Chan-Wook (realizador de "Oldboy"). A terceira, "Box", vem do Japão e foi realizada por Takashi Miike (o mesmo do controverso filme "Ichi, The Killer", entre outros).
Pode ver-se o DVD por partes, uma curta-metragem de cada vez pois não têm qualquer relação entre si mas, na minha modesta opinião, e foi assim que eu o fiz, deve carregar-se no "play" e ver-se tudo do início até ao fim, com créditos finais incluídos.
Em "Dumplings", uma actriz procura a fonte da juventude em "dumplings" (pastéis de carne) que contêm um ingrediente secreto que, mesmo às pessoas de estômago mais forte, vai provocar alguma má disposição. E mais não digo porque só mesmo vendo!
Em "Cut", um realizador vê-se aprisionado com a sua mulher num cenário de um dos seus filmes por um fã. O suspense mantém-se durante os cerca de 40 minutos de duração. A maior parte das vezes nem sabemos se havemos de rir ou ficar com medo ao imaginar se aquilo nos estivesse a acontecer a nós. Torna-se extremamente assustador em certos momentos. Acreditem que não vão conseguir afastar o olhar do ecrã nunca, com uma certa pressão no peito e, quando acabar vão ter a sensação de que nem respiraram durante a todo o visionamento!
Finalmente, em "Box", uma escritora sonha constantemente que é envolta em plástico e que é enterrada viva e, com o decorrer do filme vamos descobrir certas coisas do seu passado. Nesta última metragem imaginem um argumento escrito por Quentin Tarantino, com influências de terror / suspense tipicamente Japonês, e realizado por David Lynch. É muito surreal e, para quem não está acostumado a cinema de suspense vindo do Japão, poderá ficar muito confuso.
Posso descrever tudo em 3 sensações sequenciais: em "Dumplings" ficamos enojados; logo ficamos assustados com "Cut" para, a seguir, ficarmos confusos com "Box". No final de tudo vão ficar a olhar para o ecrã do vosso televisor de boca aberta a pensar: "mas o que é que aconteceu aqui nestes 120 minutos?". Foi isto mesmo que me aconteceu!
Indispensável para os fãs de emoções fortes e de cinema Asiático. 90%