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24/09/08

Slogan (1969)

O cantor / compositor / poeta / actor Francês Serge Gainsbourg e a cantora / actriz Britânica Jane Birkin protagonizam esta comédia romântica datada de 1969. Serge (Serge Gainsbourg) é um bem sucedido realizador de cinema que deixa a sua mulher, que se encontra grávida, em França, para ir assistir a um festival de comerciais televisivos em Veneza. Lá envolve-se amorosamente com uma jovem Britânica (Jane Birkin). Tal como no grande ecrã, estes apaixonaram-se na vida real, durante a produção do filme, o que acabou com o segundo casamento de Gainsbourg e deu origem a um dos mais badalados romances dos finais dos 60s.
Não sendo o tipo de filme, ou de humor inclusive, que me agrade particularmente, foi uma visualização diferente do material mais “pesado” que tenho visto nos últimos tempos. Humor, drama, romance, há um pouco de tudo. A banda sonora foi preenchida com vários temas de Gainsbourg, assim como “The Slogan Song”, o dueto entre este e Birkin, gravado para o efeito. Não é dos mais originais no género, e vale mais até por ter sido o catalisador do já referido romance na vida real. Quanto à reedição em DVD por parte da Cult Epics, esta vem em formato duplo e contém o filme (90 minutos, áudio em Francês com legendas em Inglês), entrevistas com a actriz Jane Birkin e o realizador Pierre Grimblant, uma entrevista com o escritor e comentador Francês Frédéric Belgbeder, promocionais de TV com os dois actores principais e o realizador, publicidades televisivas e o obrigatório trailer. O material de bónus, que é sempre bemvindo, totaliza 90 minutos. O trabalho de recuperação da Cult Epics é de saudar, pois não basta pegar numa cópia perdida de um filme, meter-lhe uma capa por cima, e temos DVD. Isto é uma verdadeira edição de luxo que de certo irá agradar a qualquer fã de cinema. A avaliação final faz o balanço entre o filme por si próprio e a edição em DVD da Cult Epics. 75%
RDS

08/03/08

Un Chien Andalou (1929)

Esta é, sem sombra de dúvida, uma das películas mais bizarras que eu já tive o prazer de visionar. Esta curta-metragem Surrealista de 16 minutos é uma parceria entre o realizador Luís Buñuel e o pintor Salvador Dali. Estes dois génios concordaram em não incluir no filme nenhuma ideia ou imagem que pudesse ser explicada de forma racional, psicológica ou cultural. De facto, na sua grande maioria, o filme não faz sentido, mas se analisarmos bem algumas situações, imagens, pormenores e simbologia, conseguimos tirar algumas ideias. Os Surrealistas eram almas livres e não-conformistas, e a sua arte manipulava a realidade transformando-a em algo completamente distinto. Os Surrealistas eram os mestres do non-sense e do anarquismo.

Uma das cenas mais arrepiantes que eu já vi em filme faz parte de “Un Chien Andaluce”. E, acreditem, a branco e preto ainda se torna mais brutal e bizarro. Em grande plano vemos o olho de uma mulher ser cortado ao meio, com uma navalha de barbear, enquanto, alternadamente, uma fina sombra atravessa a Lua ao meio, estabelecendo um paralelismo com o corte da navalha. Este é um dos dois pormenores que Buñuel (realização e argumento) e Dalí (argumento) inseriram nesta película e que, segundo se diz, representam sonhos que ambos tiveram. Este é o de Buñuel. O de Dali é a palma de uma mão de onde saem formigas. “Formigas nas palmas da mão” é uma frase francesa que simboliza uma certa “comichão” para matar. Outro dos momentos altos do filme é quando um homem puxa duas cordas que arrastam um piano de cauda, dois seminaristas vivos, as placas dos 10 mandamentos e dois asnos mortos e em decomposição. Outra cena perfeitamente bizarra é a de um/a hermafrodita que atiça, com um pau, uma mão decepada que jaz no chão.

"Sentado confortavelmente num quarto escuro, maravilhado pela luz e pelo movimento que exercem um poder quase hipnótico… fascinado pelo interesse dos rostos humanos e as rápidas mudanças de local, (um) culto indivíduo placidamente aceita o mais aterrador dos temas… e tudo isto naturalmente sancionado pela habitual moralidade, governo, e censura internacional, religião, dominado pelo bom gosto e animado pelo humor branco e outros prosaicos imperativos da realidade.”
Luis Buñuel.

“Un Chien Andalou” serve o propósito de despertar o espectador deste referido torpor em que se encontra. As imagens fortes e violentas deste filme escandalizaram a sociedade dos finais da década de 20. Segundo o próprio Buñuel, após a estreia do filme houve imensas denúncias nas esquadras de polícia, assim como pedidos de para cancelar e banir esta “obscenidade”. E segundo o próprio, começou uma perseguição e bombardeamento de insultos e ameaças, que duraram até à sua velhice
Há também uma lenda que diz que Buñuel (ou Dali, não se sabe bem qual, se é que isto realmente aconteceu) pensava que ia ser linchado na estreia desta película, por isso mesmo encheu os bolsos de pedras para atirar às pessoas. Sendo isto verdade ou pura lenda, o certo é que é genial.
E é incrível como hoje em dia, passados cerca de 80 anos, estes 16 minutos de vídeo ainda conseguem chocar e enfurecer a maior parte das pessoas que o vêem. Acreditem que já li alguns comentários bem odiosos na internet sobre este filme, Buñuel e Dalí. E isso é obra!

Resta ainda referir, como curiosidade, que podemos ver os próprios Buñuel e Dali no filme, como o homem do prólogo e um dos seminaristas, respectivamente.

Em uma única palavra: Genial! 100%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0020530/

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