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06/04/16

42nd Street Forever: Blu-ray Edition (Synapse Films, Blu-ray, 2012)


A série de DVDs da Synapse Films, “42nd Street Forever” tem tido imensa procura pelos fanáticos de cinema exploitation e grindhouse dos 70s. Depois de vários volumes no formato DVD, a Synapse lança o primeiro Blu-Ray da série. O alinhamento deste disco combina uma selecção de trailers dos 2 primeiros volumes com algumas novidades, fazendo um monstruoso total de 89 títulos. São mais de 3 horas de insanidade, sangue, nudez, exploitation, terror, ficção científica e acção, devidamente remasterizadas em alta definição 1080p. Os bónus incluem um comentário áudio com Edwin Samuelson (Avmaniacs.com), Michael Gingold (Fangoria) e Chris Poggiali (Temple Of Schlock). 95%
RDS

A lista completa de trailers é a seguinte:
1. Black Samson
2. Savage!
3. Kenner
4. The Guy From Harlem
5. Welcome Home, Brother Charles
6. Boss Nigger
7. Honky
8. Sugar Hill
9. Rolling Thunder
10. Act of Vengeance
11. Ms. 45
12. They Call Her One Eye
13. Ginger
14. Savage Sisters
15. Chained Heat
16. Delinquent Schoolgirls
17. The Pom Pom Girls
18. The Teasers Go to Paris
19. The Teacher
20. College Girls
21. Street Girls
22. The Babysitter
23. Teenage Mother
24. I, A Mother
25. When Women Had Tails
26. The Curious Female
27. The Tale of the Dean's Wife
28. The Minx
29. The Centerfold Girls
30. The Depraved
31. Invitation to Ruin
32. Helga
33. The Sun, the Place and the Girls
34. Fairytales
35. Flesh Gordon
36. Starcrash
37. Dark Star
38. The Raiders of Atlantis
39. Matango
40. The Green Slime
41. They Came from Beyond Space
42. The Deadly Spawn
43. The Dark
44. The Evil
45. The Evictors
46. The Undertaker and His Pals
47. The Devil's Nightmare
48. Deadly Blessing
49. Rabid
50. Eye of the Cat
51. Mark of the Witch
52. I Dismember Mama/The Blood Splattered Bride
53. Women and Bloody Terror/Night of Bloody Horror
54. Dr. Butcher M.D.
55. The Grim Reaper
56. Dr. Tarr's Torture Dungeon
57. Wicked Wicked
58. The Flesh and Blood Show
59. The 3 Dimensions of Greta
60. Hard Candy
61. Panorama Blue
62. Italian Stallion
63. Maid in Sweden
64. Pornography in Denmark
65. Secret Africa
66. Shocking Asia
67. Taboos of the World
68. Chappaqua
69. Salo, or the 120 Days of Sodom
70. The 44 Specialist
71. The Bullet Machine
72. Death Drive
73. Spy in Your Wife
74. Kiss the Girls and Make Them Die
75. The Last of Secret Angels
76. The Crippled Master
77. Shogun Assassin
78. SuperManChu
79. Born Losers
80. Hells Angels on Wheels
81. Devil's Angels
82. The Pink Angles
83. Werewolves on Wheels
84. Dixie Dynamite
85. Mr. Billion
86. Super Fuzz
87. Sunset Cove
88. Van Nays Blvd.
89. Skatetown U.S.A.


 

27/10/08

Death Race 2000 (1975)

Estamos no ano 2000 (em 1975 era visto como o futuro). Uma guerra em 1979 deixou os USA num estado de caos. Uma brutal corrida de automóveis, autorizada pelo próprio presidente, tem lugar todos os anos e é considerada um desporto nacional. Os concorrentes ganham pontos por atropelar os peões e, quanto mais nova ou mais velha a pessoa, mais pontos vale. A Resistência foi criada por um grupo de cidadãos para lutar contra o presidente, o actual governo dos USA e a mortal corrida. Para isso, infiltraram uma pessoa na corrida.
Sangue alaranjado, carros a derrapar na terra, explosões absurdas, alguma nudez, algum “gore” (pouco se vê, mas a nossa imaginação consegue ser bem brutal), humor negro, boa disposição e uma banda sonora “kitsch” a condizer. E com nomes como David Carradine, (um ainda jovem) Sylvester Stallone ou Martin Kove, temos filme. Um verdadeiro clássico de 70s exploitation meus amigos!
Um “remake” intitulado “Death Race 3000” foi lançado neste ano de 2008. Ainda não o vi mas estou curioso para ver como ficou, se estará mais brutal, mais ligeiro, se perdeu a magia do original… Mas para já, recomendo vivamente o original. Diversão a rodos é garantida! 80%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0072856/

21/10/08

Planet Terror (2007)

Já vi este filme há algum tempo mas ainda não tinha tido tempo de escrever umas palavras sobre o mesmo. Nos primórdios deste blog, escrevi uma pequena apreciação sobre “Death Proof” de Tarantino, ficando este, assim como os “fake trailers” de “Grindhouse”, para mais tarde. Os cinéfilos mais calejados já devem saber que a ideia por detrás de “Grindhouse” não é nem original nem arrojada. Mas talvez não fosse essa a ideia de Tarantino e Rodriguez. Já sabemos que quase todos os filmes de Tarantino são influência directa e/ou tributo a filmes e géneros perdidos no tempo (“Jackie Brown”, “Kill Bill”, etc). Bom, mas como pouco se faz nesses meandros hoje em dia, este par de filmes é bemvindo. Os filmes (e por arrasto os “fake trailers”) não são originais e ficam até atrás de muitos clássicos do género. Mas passemos então a “Planet Terror”.
A história é um chavão e poderia identificar um qualquer filme de zombies / gore feito nos últimos 30 anos. Um gás experimental é acidentalmente libertado numa base militar do Texas. As pessoas expostas ao gás tornam-se, adivinhem, zombies mutantes sedentos de carne humana. O que se segue é a tentativa se sobrevivência de um grupo de pessoas unidas pelo acaso. Rodriguez busca influência nos filmes de série B e baixo orçamento de zombies, gore, ameaças biológicas, splatter e outros que tais. Muita acção, sangue, tripas, bizarria, humor ora negro ora absurdo (típico série B), efeitos especiais, uma banda sonora a condizer (do próprio Rodriguez). Tudo isto sempre com aquele ar de filme de baixo orçamento, com uma edição paupérrima cheia de falhas, uma fotografia tipo vintage e “falhas” na fita original (tudo elementos propositados, como é evidente). Não é, como já disse, nada de transcendental, e se querem algo “melhor” (daquele género: “tão mau que é bom”), procurem os clássicos. De qualquer maneira, este é muito melhor que o seu par e, tendo em conta o cenário cinematográfico actual, este tipo de aventuras é mais que aplaudido. Diversão garantida. Recomendo. 80%
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Planet Terror - Trailer

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Deixo ainda uma rápida apreciação aos “fake trailers” que acompanhavam “Grindhouse”:
Machete (Robert Rodriguez): Estava a ver que não via o grande Danny Trejo num papel principal. Sem bem que isto é apenas um trailer, embora rumor haja de que Rodriguez filmou cerca de 30 minutos de filme, pretendendo ir em frente com “Machete”. Pelo belo aperitivo, aguardo ansiosamente que isso se concretize. Exploitation do mais puro!
Thanksgiving (Eli Roth): Com o Eli Roth nos comandos, só poderia ser um slasher de contornos Gore do mais brutal. O humor negro constante torna-o divertidíssimo. Gostei muito.
Werewolf Women Of The SS (Rob Zombie): Rob Zombie toma inspiração na trilogia de filmes “Ilsa” e nos filmes de Nazisploitation. Mulheres com peitos generosos, nazis, torturas, e outros que tais, são os ingredientes. Os convidados especiais são de peso: Udo Kier, Bill Moseley, Sybil Danning, Nicolas Cage. Este também daria um excelente filme!
Don’t (Edgar Wright): Mais humor negro, desta feita o responsável é Edgar Wright (“Shaun Of The Dead”). Hilariante! Menos não se poderia esperar de Wright.
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Machete

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Werewolf Women Of The SS / Don't / Thanksgiving

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12/09/08

Kataude Mashin Gâru / The Machine Girl (2008)

Ami Hyuga (Minase Yashiro) é a protagonista desta loucura nipónica (mais uma!). Ela é uma rapariga normal, estuda no liceu, é popular, desportista e cheia de vida. Depois do seu pai ter sido injustamente acusado de homicídio e, junto com a sua mãe, terem cometido suicídio, Ami e o seu irmão Yu (Ryôsuke Kawamura) ficaram órfãos. Ao mesmo tempo que estudam no liceu, estes tentam levar uma vida normal. Mas Yu e um amigo deste são vítimas de abuso (o chamado “bullying”) por parte de um filho de um Yakuza e o seu bando de jovens delinquentes. Até que um dia a coisa chega ao extremo e o bando mata os dois amigos. Ami começa a investigar para saber a verdade sobre quem matou o seu irmão. Esta acaba por ir para a casa dos Kimura onde é torturada e lhe é cortado o braço esquerdo com uma espada ninja. Junto com Miki (Asami), a mãe do outro rapaz assassinado, esta inicia uma vingança brutal.
Muito gore, sangue, membros decepados, tortura, violência extrema, um soutien com perfuradora, espadas ninja, uma arma ninja que arranca cabeças, etc. Um verdadeiro festim para os olhos. Tudo condimentado um humor típico do género, ou seja, um filme que não se leva a sério. Os efeitos especiais são na sua maioria primitivos, mas esse é mesmo o propósito. Ora são pequenos sacos com “sangue” ou mangueiras escondidas na roupa, cortes de imagem para colocar bonecos no lugar dos humanos no “momento da verdade”, etc. Tudo com aquele toque de série B que nós tanto gostamos. Um cheirinho a 70s exploitation (notório na fotografia) e/ou 70s Pinku ajuda ao resultado final. A banda sonora de fusão Rock e orquestral também está fabulosa e contribui para o ambiente geral. A isso adicionem ainda a típica loucura nipónica e temos filme! Para quem gosta de Gore / Splatter, “The Machine Girl” é diversão garantida do início ao fim. Apenas para fãs do género (“Braindead”, “Evil Dead” e outros que tais…). 90%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt1050160/

17/08/08

Satánico Pandemonium / La Sexorcista (1975)

Há já muito tempo que andava para ver este clássico do nunspolitation Mexicano. Já havia lido umas coisas interessantes acerca do filme e, como fã “diehard” de cinema alternativo, uma película destas não me poderia passar ao lado. Já agora deixo uma pequena curiosidade sobre o título (que soa mais “agressivo” do que o filme realmente é): Quentin Tarantino e Robert Rodriguez utilizaram o título “Satánico Pandemonium” para o atribuir como nome artístico à dançarina exótica (Salma Hayek) de “From Dusk Till Dawn”.
A história é simples; a jovem freira Maria (Cecília Pezet) é confrontada com a aparição de Lúcifer (Enrique Rocha) e, a partir daí, começa a ter fantasias sexuais (e a tentar pô-las em pratica) com outras freiras e até um pastor pré-adolescente que vive perto do convento. Maria começa a ter alucinações e visões de serpentes, gatos negros, etc. Isto, aliado à sua tentativa de lutar contra a tentação, conduzem-na a uma espiral descendente que a leva à loucura. Toda a simbologia é demasiado óbvia e, diria até, simplista e “naive”. A maça, a serpente, o gato negro, etc, tudo é demasiado óbvio. Já havia lido que o filme era um pouco parado e tornava-se aborrecido. Tive essa mesma sensação, sem dúvida. O que aqui se passou em cerca de 90 minutos poderia ter sido feito em apenas uma hora, com uma evolução mais rápida das coisas. O final inesperado pode ter diversas interpretações. Eu tenho a minha mas não a vou aqui partilhar, preferindo deixar-vos pensar um pouco, e que tirem vossas próprias conclusões.
Gostei da banda sonora (alguém me ajuda a conseguir isso?), a qual se adapta muito bem ao ambiente do filme, com a sua fusão de cânticos religiosos, temas sinfónicos e sons psicadélicos e perturbadores. Gostei também do trabalho de fotografia com tons e cores quentes e apelativas.
A temática religiosa (não se esqueçam que falamos num país católico extremo como o é o México) aliada a alguma nudez, sexo, pedofilia, etc, causaram algum reboliço na sociedade Mexicana (estamos em meados da década de 70). Hoje em dia este tipo de filmes já não é tão chocante e, além disso, a temática já foi explorada de uma maneira muito melhor (um bom exemplo disso será “The Devil’s Advocate” com Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron). Mesmo assim, vale a pena conferir se são fãs de 70s exploitation / nunsploitation e filmes com temática religiosa. 50%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0070636/

Satánico Pandemonium - Excerto

10/05/08

Golok Setan / The Devil’s Sword (1984)

A Rainha Crocodilo (Gudhi Sintara) rapta homens nas vilas mais próximas para satisfazer as suas perversões ninfomaníacas. Esta vive numa caverna debaixo de água, rodeada pelos seus guerreiros e escravos. Um dos seus maiores guerreiros é Banyu Jaga (Lo Lieh), o qual viaja em cima de uma rocha voadora. A Rainha rapta um desses vilãos, Sanjaya, e a sua noiva (Enny Christina) parte para o resgate com a ajuda do herói Mandala (Barry Prima), cujo visual é uma mescla de Conan e Rambo. Paralelamente, temos a procura da espada do diabo, uma poderosa espada forjada a partir de um meteorito, a qual está escondida numa caverna na Montanha do Diabo. Diz-se que quem a possuir governará o mundo. Mandala, Banyu e outros 4 peculiares personagens (entre eles uma bruxa cuja cabeça se separa do corpo e voa, coisa algo familiar não?) anseiam por possuir a dita espada. “Golok Setan” (The Devil’s Sword) é um filme Indonésio de fantasia, artes marciais e aventura. Trata-se de uma produção dos estúdios Rapi Films, responsáveis por títulos como “The Warrior and The Ninja”, “Virgins from Hell”, “Hell Raiders” ou a série de filmes “The Warrior”.
“The Devil’s Sword” é kitsch ao máximo, tem efeitos especiais do mais absurdo (cortesia do senhor El Badrum, responsável pelos efeitos em “Mystics In Bali”), guarda-roupa a condizer com o estilo de aventura fantástica, péssimas coreografias nas lutas (alguns dos figurantes parecem estar a dançar desarticuladamente e chega até a ser patético), actuações muito teatralizadas, alguma violência, algum Gore e uma banda sonora de sintetizador bem pindérica tipicamente 80s. A isto alia-se ainda o carácter exótico que tem sempre um filme destes para um Ocidental. Algo que se pode destacar pela positiva é a fotografia com cores fortes e apelativas aos sentidos. São assim os filmes de fantasia, aventura e acção da Indonésia da década de 80. E isto tudo significa que o filme é péssimo? Claro que não. Muito pelo contrário. É assim que nós, apreciadores de trashy / série B / baixo orçamento / etc. gostamos deste tipo de filmes. E a Indonésia foi prolífica nestas pérolas durante a década de 80. Alguns pontos negativos, a meu ver, são o facto do filme ter um desenvolvimento algo lento e que algumas das partes de luta são demasiados longas, o que se torna algo monótono. A isso alia-se ainda o facto de eu ter visto uma execrável versão dobrada em inglês (a maioria dos filmes Indonésios da época estão apenas disponíveis nessas versões).
No geral, um “must see” para os fãs de fantasia, série B, trashy, gore, baixo orçamento, filmes Indonésios dos 80s, cult, kitsch, etc. Todos os outros, afastem-se imediatamente porque não vão estar devidamente preparados para esta quasi-“obra prima”. 75%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0087142/

01/04/08

Yi Boh Laai Beng Duk / Ebola Syndrome (1996)

Kai (Anthony Wong) trabalha num restaurante em Hong Kong. Um dia é apanhado na cama com a mulher do patrão. Como castigo pelo adultério, o patrão vai castra-lo, mas este enlouquece e mata o casal e um amigo, deixando viva apenas a filha. Foge para a África do Sul onde arranja emprego num restaurante chinês. Os novos patrões tratam-no mal e pagam-lhe pouco porque sabem que ele é um homem procurado em Hong Kong, e este não tem outra alternativa senão ficar ali. Kai e o patrão visitam uma aldeia para ir comprar carne mais barata e lá observam que uma epidemia está a matar os locais. Ao regressar a casa, Kai vê uma mulher doente, moribunda, e como não tem sexo há algum tempo, aproveita a ocasião e viola-a. Mas ao fazê-lo, contrai o vírus que esta tem, o ébola. O vírus causa febres altas, pústulas, liquefacção dos órgãos e posterior morte. Uma em 10 milhões de pessoas é imune, tornando-se apenas portadora, não doente. É o caso de Kai. Certo dia passa-se com os maus-tratos de que é alvo e mata os novos patrões. Mas não sem antes os contaminar. Faz hambúrgueres (não são hambúrgueres diz ele, são “African buns”) com a carne e no dia seguinte vende-os aos clientes. Quando a filha do primeiro casal, de férias na África do Sul, o reconhece e vai à polícia, este foge de novo para Hong Kong. Continua a matança e a contaminação. Será que a epidemia vai para e Kai vai ser apanhado?
Depois de “The Untold Story” de 1993, Anthony Wong volta a trabalhar com o realizador Herman Yau num filme similar. Gore na linha de “Braindead”, com muito humor negro à mistura, sangue tipo molho de tomate, efeitos especiais de baixo orçamento (é mais apoiado no excelente trabalho de câmara de Yau), actuações medianas (excepto Wong), péssimo som (parece uma dobragem mal feita), música de sintetizador, sangue, tripas, nudez. É isso que temos em “Ebola Syndrome”. E querem melhor? Gore, sleazy, exploitation, trash, série B e Cat. III são as designações da ordem. Não é um filme que se leva a sério. É um filme mais de entretenimento e puro Gore para aficionados do género do que propriamente de terror ou suspense. Não há nada que assuste ou impressione verdadeiramente (se bem que a cena da autopsia está bem feita e me impressionou um pouco). Não é dos melhores que já vi mas gostei do distorcido sentido de humor. Apenas para os extremistas e amantes do género. 75%
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt0116163/

05/03/08

Grindhouse: Death Proof (2007)

Antes de iniciar os meus comentários ao filme convém esclarecer alguns pontos importantes, para que se possa perceber melhor este Grindhouse: Death Proof.

Grindhouse: É um termo americano utilizado para designar uma sala de cinema dedicada apenas a filmes “exploitation” (exploração ou abuso). É também o termo utilizado para descrever o género de filmes aí visionados. As “grindhouses” eram conhecidas pelos seus programas contínuos de filmes de série B, ou baixo orçamento, programas esses que eram usualmente constituídos por uma “double feature”, onde dois (ou até três) filmes eram projectados consecutivamente.

Exploitation film: É um tipo de filme que dispensa a qualidade em detrimento de um baixo orçamento aliado ao apelo dos sentidos mais primitivos do Homem, por intermédio de puro sensacionalismo. Os filmes “exploitation” usam e abusam de sexo, violência gratuita, consumo de substâncias ilícitas, nudez, sangue, monstros, zombies, rebelião e caos puro.

Para informações mais detalhadas sobre o assunto remeto-vos para a Wikipedia (onde me baseei para redigir estas explicações): http://en.wikipedia.org/wiki/Exploitation_film

Agora já podemos concentrar-nos em Grindhouse: Death Proof e perceber melhor os seus objectivos e dinâmicas. “Grindhouse” baseia-se nesses pressupostos e é uma “double feature” que inclui “Death Proof” (“À Prova De Morte” em Portugal) de Quentin Tarantino (“Pulp Fiction”, Reservoir Dogs”, “Kill Bill”) e “Planet Terror” (“Planeta Terror” em Portugal) de Robert Rodriguez (“El Mariachi”, “Desperado”, “From Dusk Till Dawn”), interligados por 4 trailers falsos (os filmes que apresentam não existem na realidade) realizados por Eli Roth (“Hostel”), Rob Zombie (“House Of 1000 Corpses”, “The Devil’s Rejects”), Edgar Wright (“Shaun Of The Dead”) e o próprio Robert Rodriguez.

Infelizmente, e devido a questões financeiras, como sempre, os dois filmes foram separados após se ter verificado uma fraca afluência de público a esta experiência cinematográfica única. Pérolas a porcos, diria eu. Por essa mesma razão, para já apenas tive a oportunidade de ver o primeiro dos dois filmes, “Death Proof” de Quentin Tarantino. Actualmente já está disponível em Portugal o segundo filme, “Planet Terror”, e assim que possível, verei esse também e depois escreverei algumas considerações acerca do mesmo. Quanto aos “fake trailers”, isso já não sei. No DVD de aluguer de “Death Proof” não vêm incluídos. Não sei se estarão no DVD de venda ou no de “Planet Terror” (aluguer ou venda). Tenho de verificar isso. Aguarda-se, no entanto, uma edição em DVD da ideia original, com filmes e trailers em sequência.

Em “Death Proof” temos o psicopata Stuntman Mike (Kurt Russell), um ex-duplo de Hollywood que persegue e mata mulheres com o seu carro “à prova de morte”. O filme está dividido em duas partes. A primeira parte da acção desenrola-se em Austin, Texas e tem uma atmosfera muito 70s (a roupa, a música, a fotografia do filme, etc) em contraste com alguma tecnologia actual (telemóveis topo de gama). Demora imenso a desenvolver, tendo apenas como pontos de interesse as falhas de imagem, som e edição, juntamente com algum sexploitation (sem nudez, um certo tabu para Tarantino, mas Vanessa Ferlito e Sydney Poitier conseguem ser extremamente sensuais). Um grupo de raparigas constituído por Jungle Julia (Sydney Tamiia Poitier), Arlene (Vanessa Ferlito) e Shanna (Jordan Ladd) estão num bar, a beber uns copos com uns amigos, antes de partir para um fim-de-semana numa casa de campo. Fazem ainda parte desta primeira metade do filme o próprio Tarantino, como Warren o dono do bar, Eli Roth no papel de Dov, um dos amigos das raparigas e Rose McGowan interpretando uma hippie chamada Pam. Depois de cerca de ¾ de hora algo aborrecidos, a não ser pela já referida vertente visual e o tributo aos filmes exploitation, passamos à acção propriamente dita. É pouca coisa. Passa-se rápido demais. Mas é brutal.
Passamos à segunda parte. Depois de um início com imagem a branco e preto, voltamos a ter cor. Ambiente algo 80s (a imagem é “melhor” que na primeira parte, as referências a filmes dos 80s como “Pretty In Pink” de John Hughes, etc) em contraste, mais uma vez, com tecnologia actual (os ATM, ou Multibancos em Portugal). Encontramo-nos no Tennessee, onde Mike escolhe outro grupo de raparigas, que se irão revelar mais duras e vingativas que as anteriores. Abernathy (Rosario Dawson), Lee (Mary Elizabeth Winstead), Kim (Tracie Thoms) e Zoe (Zoe Bell) são as raparigas que constituem este segundo alvo de Stuntman Mike. Mais diálogo aborrecido. Prolonga-se por tempo indeterminado até ao êxtase do filme, uma perseguição de carro a alta velocidade. O pormenor de Zoe estar pendurada no capote do carro durante a perseguição arrepiou-me completamente. Imaginei-me no lugar dela e tive um arrepio na espinha durante metade da perseguição. Os papéis invertem-se. E mais não digo para não arruinar o vosso visionamento. Mas não gostei muito do final.

O “mau da fita”, o psicopata, é Stuntman Mike, mas acreditem que é dele que vão gostar. Vai ser por ele que vão torcer. Não por nenhuma das raparigas. Acreditem que estas raparigas conseguem mexer com os nervos de qualquer um. Pelo menos com os meus conseguiram. Bom, a verdade seja dita, simpatizei com a Arlene, do primeiro grupo. Mas foi a única. Talvez fosse essa a intenção de Tarantino com os longos diálogos das raparigas. De fazer com que nós próprios quiséssemos estar na pele de Stuntman Mike. De pegar no carro e querer ir atrás das raparigas.

Edição com erros, imagem com grão, imagens a branco e preto, histórias simples, violência extrema, blaxploitation, sexploitation, brutais acidentes de carro, tudo faz parte de “Death Proof”, numa homenagem aos já referidos filmes exploitation dos 70s. As já habituais longas sequências de diálogo sobre assuntos mais que mundanos e que não levam a lado algum, imagem de marca de Tarantino, também fazem parte deste novo trabalho. No entanto, estão uns furos abaixo daquilo a que tivemos oportunidade de assistir em “Pulp Fiction” ou “Reservoir Dogs” (“Cães Danados” em Portugal). Apenas quando entra Kurt Russell em cena é que as coisas começam a tornar-se deveras interessantes. O homem já não tem que dar provas do seu talento a ninguém mas, se dúvidas subsistiam ainda, estão agora desvanecidas pois a sua interpretação em “Death Proof” está sublime, e não consigo pensar em Stuntman Mike interpretado por outra pessoa qualquer. Fantástico. Aliás, as melhores cenas de “Death Proof” são todas as que incluem Kurt Russell, resultando tudo o resto num mero desfilar de diálogos aborrecidíssimos, sem qualquer interesse. Cortando algumas dessas cenas e deixando o filme um pouco mais curto, o resultado final seria muito mais satisfatório.

Há imensos pormenores que eu detestei e imensos que eu adorei e acho geniais. De qualquer modo, o filme mexeu comigo de diversos modos. Vi o filme ontem à noite e ainda hoje estou cheio de adrenalina. A odiar ainda mais as cenas de diálogo. A gostar ainda mais das cenas de carro. A exaltar ainda mais a interpretação de Kurt Russell. Depois de ler algumas opiniões na internet, verifiquei que este é o tipo de filme que tem reacções extremas, de amor e ódio. Há quem pense que é uma obra-prima e há quem pense que é uma completa m***a! E isso é muito importante num filme, que consiga criar este tipo de reacções extremas, fortes e duradouras nas pessoas!

Pontuação: 70%. Mas sujeita a alterações após o visionamento de “Planet Terror” (já vi o trailer e promete) e dos “fake trailers”.
RDS

IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt1028528/

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